‘Seria um bobo se não entrasse no esquema’, diz empresário envolvido na Lava-Jato
Acusado de receber propina
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Acusado de receber propina
Em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, em ação penal relativa à Operação Lava Jato da qual é réu, acusado de receber propina por contratos de com estaleiros que produziram sondas para a Petrobras, o ex-presidente da Sete Brasil, empresa constituída para fornecer as sondas para o pré-sal, João Ferraz disse que, assim que tomou posse na presidência da empresa foi informado de que a Sete passaria a cobrar propina dos estaleiros contratados.
“Houve pagamento de vantagem indevida. Gostaria de começar falando que eu participei dessa estrutura”, disse o engenheiro. Ele afirmou que a Sete Brasil foi constituída sem vícios, com um objetivo legítimo, mas, logo nos primeiros meses, decidiu-se cobrar vantagens indevidas dos estaleiros, repetindo o esquema já adotado na Petrobras. “Depois que ela foi constituída e já assinados os contratos das sete primeiras sondas, no momento que eu chego à Sete Brasil, o Pedro Barusco, que já estava lá, me chamou e disse que havia sido tomada a decisão entre ele, o Renato Duque (ex-diretor da Petrobras) e o João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT) de implantar na Sete um esquema de pagamento de propina pelos estaleiros”, relatou.
Ferraz disse que, num primeiro momento, posicionou-se contra, mas foi facilmente convencido por Barusco. “Ele me fez mudar de ideia, falando que ele já fazia há tempos na Petrobras e nunca foi descoberto, que o mercado todo já sabia que funcionava daquela forma e que eu seria um bobo de não participar pelo montante de dinheiro envolvido. E disse, ainda, que eu participando ou não, o negócio ia sair. Então aderi a esse esquema totalmente criminoso, irregular”, contou.
João Ferraz admitiu ter recebido US$ 1,5 milhão, em depósitos no exterior, pagos pelo estaleiro Jurong. Perguntado se conhecia João Vaccari Neto, o ex-presidente da Sete Brasil relatou, ainda que conheceu o ex-tesoureiro do PT quando foi chamado para uma reunião em que ele e Barusco falaram que queriam ampliar o esquema, cobrando propina, também, dos sócios da empresa. “Desta vez fui radicalmente contra e isso não avançou”, afirmou.
João Ferraz prestou depoimento nesta sexta-feira como réu na fase final de depoimentos na ação penal que investiga o pagamento de propinas por estaleiros a dirigentes da Petrobras, da Sete Brasil e do PT. A oitiva dos réus segue até o dia 19, quando será ouvido o ex-ministro Antônio Palocci.
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