Personal diz que cedeu imóvel para amigo estuprar enteada, afirma polícia
‘Emprestou a chave e foi embora’
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‘Emprestou a chave e foi embora’
A Polícia Civil já ouviu, formalmente, os dois suspeitos de abusar sexualmente de uma garota, de 12 anos, em Caldas Novas, região sul de Goiás. Trata-se do padrasto da menina e de um personal trainer, amigo dele. Segundo o delegado Fernando Barbosa Martins, responsável pelo caso, o primeiro se manteve em silêncio. Já o segundo negou o crime, mas admitiu que emprestou seu apartamento para o colega estuprar a enteada.
“Ele [personal] disse que emprestou a chave e foi embora. Afirmou ainda que sabia que os dois mantinham uma relação e chegou a alertar o padrasto. No entanto, ele alegou que não haveria problemas porque o relacionamento dos dois já era de muito tempo e que ninguém descobriria”, disse Martins ao G1.
As oitivas ocorreram na quarta-feira (15). O responsável pelo caso, no entanto, acredita que o suspeito está mentindo e só teria dito isso para tentar ser inocentado. Na próxima segunda-feira (20), ambos devem ser ouvidos novamente.
Segundo as investigações, o crime era praticado há dois anos, mas só foi descoberto em janeiro deste ano, quando a garota foi passar férias na casa do pai biológico, em Nova Crixás, no norte de Goiás, onde ambos estão presos. Na ocasião, ele flagrou o padrasto pedindo fotos íntimas da enteada. Na conversa, o homem cobra insistentemente as imagens: “Manda logo, estou com pressa” (ouça baixo).
Além dos depoimentos, a polícia também já tem em mãos um laudo psicológico da vítima. O documento, que será anexado ao inquérito, traçou um perfil da menina e constata que ela foi estuprada.
“Após um pedido meu, a criança foi submetida a uma avaliação. Esse laudo atestou que, conforme sua conduta, a garota foi, de fato, abusada. A forma como ele trata o assunto e os termos usados tem um caráter sexual incompatível com a idade dela”, explicou.
Ainda conforme Martins, assim que o caso foi descoberto, a polícia sugeriu aos pais da criança que ela começasse a fazer acompanhamento psicológico. O profissional com quem ela se trata foi quem emitiu o documento. “Esse laudo contribui para a investigação e é mais um indício de que ela está falando a verdade”, destaca.
Chantagem
O padrasto, que é vendedor de carros, morava com a mãe da vítima há cerca de cinco anos em Caldas Novas. Em determinado momento, ele passou a ser chantageado pelo personal trainer, que era seu amigo.
“Ele [pai] abusava da criança dos 10 aos 12 anos de idade dela. Um dia, em um apartamento, ele fez sexo com ela na frente do amigo e o personal passou a ameaçar o padrasto de contar o caso para todo mundo se ele não aliciasse a menina para ele”, contou.
Áudios
Ao descobrir os áudios, o pai da garota foi tirar satisfação com o padrasto, que está detido. Segundo a polícia, ele acabou sendo ameaçado de morte. As conversas relatam pedidos insistentes do suspeito.
“Cadê você, menina, aparece. Eu quero quatro fotos, manda logo que estou com pressa. Rapidinho, eu quero elas. Não é pra raspar, eu quero do jeito que tá (sic)”, disse, se referindo às partes íntimas da menina.
Como a vítima não respondia às mensagens, o padrasto seguiu insistindo. “Só quero que você me manda as minha fotos. Pode mandar já, já está de noite, estou esperando, já é quase nove. Tô esperando, beleza? O horário combinado é 21h30. Beijo, tchau (sic)”, falou o suspeito no áudio.
Denúncia
Segundo a polícia, após flagrar um desses áudios, o pai biológico da menina denunciou o crime e também alertou a mãe sobre o caso. Um exame comprovou que a menina não era mais virgem. À polícia, a menina disse que era abusada pelos dois homens e não falava nada para ninguém, pois o padrasto a ameaçava.
O delegado informou que, ao tomar conhecimento do crime, a mãe saiu de Caldas Novas e foi à Nova Crixás encontrar a filha. “O padrasto passou a ameaçar a mulher e a adolescente de morte se elas não voltassem para Caldas. Como elas não voltaram, ele chegou a viajar para ir atrás das duas. O prendemos quando ele se preparava para matar a mãe da menina”, disse.
O padrasto vai responder por estupro de vulnerável, aliciamento de menor e mediação para lasciva de outrem.
O personal trainer foi preso na segunda-feira (13) em casa, em Caldas Novas. Ele vai ser indiciado por estupro de vulnerável e aliciamento de menor. A pena, em caso de condenação, pode chegar a 20 anos.
Ambos devem prestar depoimento para a polícia na tarde desta quarta-feira (14). Se condenado, pode ficar até dez anos na cadeia.
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