‘Não podemos pagar o resgate pedido por PMs’, diz governador do ES

‘O que está acontecendo no Espírito Santo é uma chantagem’

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‘O que está acontecendo no Espírito Santo é uma chantagem’

Em seu primeiro pronunciamento após o início da crise de segurança no Espírito Santo, o governador licenciado, Paulo Hartung, comparou nesta quarta-feira (8) a paralisação dos policiais militares do Estado a um sequestro.

“O que está acontecendo no Espírito Santo é uma chantagem. É a mesma coisa que sequestrar a liberdade do cidadão capixaba e pagar resgate”, disse.

A fala de Hartung faz referência ao pedido de aumento salarial feito pelos policiais capixabas.

Segundo Hartung, o pagamento do “resgate” não pode ser feito “nem por aspecto ético nem pelo descumprimento da lei de responsabilidade”. Pelas contas do governador, o aumento salarial pedido pelos policiais acarretaria em um gasto de mais R$ 500 milhões por parte do Estado.

“Onde vamos arranjar meio bilhão [de reais]? Fechamos a conta de 2016 com sacrifício. Vamos fazer como os outros Estados? Aumentar o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)? Alguém é a favor de aumentar a carga tributária? Peço bom senso, equilíbrio”.

“Quero pedir a esses policiais que respeitem a sua instituição, o cidadão capixaba. Quem está mantendo o salário em dia é o cidadão capixaba, esse é o patrão. Nós somos um governo passageiro, mas a instituição governamental fica. A instituição Polícia Militar fica”.

Assim como o governador em exercício, César Colnago, e o secretário de Segurança, André Garcia, Hartung qualificou o movimento de familiares que impede a saída de PMs dos batalhões como ilegal e fez um pedido.

“Quero falar ao coração de vocês: vamos voltar ao trabalho. Esse movimento é ilegal, inconstitucional e pior: o método adotado dá vergonha, é o da chantagem. Estou fazendo essa palavra no sentido de que o bom senso chegue às ações de cada um dos policiais capixabas”.

Diálogo

Nesta pela manhã, cerca de 30 mulheres permaneciam em frente ao quartel onde estão os PMs. Cada entrada conta com uma barraca grande, com colchões e cobertores, e um toldo. Há café, leite, pão, biscoitos, frutas, frios e até uma sanduicheira.

“Se o governador abrir a agenda para a gente hoje e for favorável às nossas pautas, nós vamos sair”, afirma uma das mulheres acampadas em frente ao principal quartel de Vitória. As manifestantes aguardam a contraposta do governo.

Segundo elas, um grupo de representantes do movimento irá se reunir com o governo às 14h. Entre as reivindicações dos familiares dos PMs e dos policiais estão a anistia aos policiais que não deixarmos os quartéis, reajuste salarial de 43% e a queda do secretário de Segurança.

“O governo mente, diz que está aberto ao diálogo, mas não é verdade. Nós temos palavra. Se nos receberem, se chegarmos num acordo, iremos sair.”​

Foto: Reinaldo Carvalho/Assembleia Legislativa do Espírito Santo

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