Atriz Renata Carvalho relatou ataques sofridos contra o espetáculo

A apresentação da peça de teatro O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, que seria exibida no Sesc da cidade de Jundiaí (SP), ontem sexta-feira (15), foi cancelada por ordem de um juiz, que considerou o espetáculo um atentado ‘à fé cristã'.

“É preocupante que lei seja aplicada assim, que não seja fato isolado, muitos precedentes de , essa semana teve vários, ao mesmo tempo isso mostra importância do trabalho, é positivo que trabalhos como esse acendam esse debate”, disse a diretora da peça, Natália Mallo, em um vídeo divulgados nas redes sociais.Juiz de SP proíbe exibição de peça que tem travesti no papel de Jesus Cristo

A peça tem no papel principal a atriz trans Renata Carvalho, que interpreta Jesus Cristo, na adaptação brasileira da obra da dramatuga escosesa e transexual Jo Clifford. A obra gerou polêmica desde sua estreia.

De acordo com o Jornal O Estado de São Paulo, o juiz da 1ª Vara Cível da Comarca de Jundiaí, Luiz Antônio de Campos Junior, alega que não discute a liberdade religiosa, mas que não pode ser tolerado ‘o desrespeito a uma crença, a uma religião, enfim, a uma figura venerada no mundo inteiro'.

“De fato, não se olvide da crença religiosa em nosso Estado, que tem Jesus Cristo, como o filho de Deus (…) Em se permitindo uma peça em que este homem sagrado seja encenado como um travesti, a toda evidência, caracteriza-se ofensa a um sem número de pessoas”, diz trecho da decisão, publicada pelo Estadão.

O Sesc paulista recorreu da decisão e o espetáculo será exibido neste sábado (16) em São José do Rio Preto e, no domingo (17), em Santo André.

A diretora da peça explica que a ideia da obra é resgatar o que eles consideram a essência da mensagem de Jesus, como a afirmação da vida, do corpo e valores como a tolerância, solidariedade, perdão e amor, mostradas à partir da ótica de problemas atuais, como a transfobia.

“A Peça traz essa reflexão, (mostra) figura de Jesus de maneira respeitosa, mas é muito política e provocadora, porque o Brasil é o país mais transfóbico do mundo, o que mais assassina travestis e transexuais no mundo”, pontua Natália.