A Polícia Federal (PF) cumpriu hoje (16) mandados de busca e apreensão na sede da empresa do Banco do Brasil que administra títulos de capitalização, a Brasilcap, no Rio de Janeiro. A empresa é presidida desde setembro de 2007 por Márcio Lobão, filho do senador e ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB-MA).
Os agentes da PF também cumpriram mandados em imóveis em Belém, pertencentes a Márcio Lobão. A ação faz parte da Operação Leviatã, deflagrada nesta manhã para aprofundar as investigações sobre um suposto esquema de desvio de recursos das obras de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e pagamento de propina a partidos políticos.
A investigação corre em segredo de Justiça, mas, segundo a PF, o nome de Márcio Lobão está entre os que foram citados por depoentes. De acordo com os depoimentos, as empresas que participam do consórcio responsável pela construção de Belo Monte pagavam aos envolvidos 1% do valor dos contratos a título de propina.
As buscas e a apreensão de documentos considerados importantes para as investigações foram autorizadas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). Fachin assumiu a relatoria da Operação Lava Jato no último dia 2, após a morte do relator original, ministro Teori Zavascki, em janeiro, na queda de um avião no mar, próximo de Paraty (RJ). No fim de 2015, o inquérito da Lava Jato foi desmembrado, e as suspeitas e denúncias relativas ao setor elétrico passaram a ser apuradas em outro processo, distribuído a Fachin em dezembro do mesmo ano.
Procurada, a Brasilcap limitou-se a confirmar a busca e apreensão de documentos em sua sede e a informar que está colaborando com as autoridades, prestando esclarecimentos e fornecendo todas as informações solicitadas.
A empresa disse não coadunar com qualquer tipo de ato ilegal. Sobre as denúncias envolvendo Márcio Lobão, a empresa disse que os assuntos pessoais do presidente serão tratados por seus advogados. A Agência Brasil ainda não conseguiu contato com a defesa de Márcio Lobão.
Ao comentar o assunto, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que é do mesmo partido de Edison Lobão e de outros citados no esquema investigado, disse que os diversos desdobramentos da Operação Lava Jato são “um sinal de que as instituições estão funcionando”.
*Colaborou Débora Brito, repórter da Agência Brasil
*O texto foi alterado às 12h40 para correção de informação sobre o estado que Edison Lobão representa no Senado (Maranhão, e não Pará) e ampliado às 12h54