Familiares e amigos fazem homenagem às vítimas do acidente da TAM

Foram colocadas flores junto aos nomes das vítimas

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Foram colocadas flores junto aos nomes das vítimas

Familiares e amigos das 199 vítimas do acidente ocorrido há dez anos no Aeroporto de Congonhas, com o vôo JJ 3054 da TAM, hoje LATAM, reuniram-se hoje (15) para uma homenagem, na Praça Memorial 17 de julho. Além da celebração de missas, foram colocadas flores junto aos nomes das vítimas escritos no memorial, entre outras homenagens.

O acidente ainda é considerado a maior tragédia da aviação comercial brasileira. A aeronave saiu do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, com destino ao aeroporto de Congonhas, na capital paulista, com 187 pessoas a bordo, das quais seis tripulantes, incluindo os pilotos, que operavam o voo.

No momento em que pousou, o Airbus A320-233 se desgovernou na pista que estava molhada devido a uma forte chuva, deslizou sobre o gramado, avançou contra um muro e cruzou a Avenida Washington Luís a uma velocidade de 178 km/h, chocando-se contra um posto de gasolina e um prédio da TAM Express. Além dos passageiros e tripulantes, morreram outras 12 pessoas em solo.

Dario Scott perdeu a filha Thaís Volpi Scott, que hoje estaria com 24 anos. Ele espera que o Memorial 17 de Julho tenha o apoio da prefeitura para se manter revitalizado e movimentado. “Para nós é um solo sagrado, porque as 199 vítimas foram cremadas aqui. Encher esse espaço de vida e conseguir concluir a obra é um desejo nosso. E que a comunidade traga movimento para começarmos a trazer vida e reflexão para este local”, disse.

Além de perder a filha de 30 anos no acidente, a advogada Priscila Bertoldi, Aparecida Bertoldi de Souza acumula um drama pessoal ainda maior, já que um ano depois do falecimento de Priscila, o marido de Aparecida não suportou a dor pela morte da filha e também faleceu. “Hoje faz nove anos que ele morreu. São duas datas muito marcantes na minha vida porque eu não esperava nenhuma delas. Minha filha tinha muitos sonhos e planos na vida. Eu sonhava com ela e vivia os sonhos dela. Meu marido era delegado e professor universitário e também tinha muitos planos. Nós morremos com ela. Meu marido acabou de repente. Era um homem cheio de vida e em um mês perdeu oito quilos e o mundo acabou para ele”, contou Aparecida, que diz não acreditar na Justiça.

Impunidade

Três pessoas foram indiciadas pelo acidente: a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu; o então vice-presidente de Operações da TAM, Alberto Fajerman e o diretor de Segurança de Voo da companhia, Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro. O processo concluiu que o diretor e o vice-presidente sabiam “das péssimas condições de atrito e frenagem da pista principal do Aeroporto de Congonhas”, uma das causas apuradas para o acidente, mas não tomaram providências para que, em condições de pista molhada, os pousos fossem redirecionados para outros aeroportos.

Denise Abreu foi acusada de agir com imprudência ao liberar a pista do aeroporto, “sem a realização do serviço de grooving [ranhuras na pista que facilitam a frenagem das aeronaves] e sem fazer formalmente uma inspeção, para atestar sua condição operacional em conformidade com os padrões de segurança aeronáutica”.

A Procuradoria da República em São Paulo havia solicitado a condenação dos três acusados a 24 anos de prisão, no entanto, em maio de 2015 a Justiça Federal em São Paulo absolveu os três acusados pelo acidente e em julho deste ano o Tribunal Regional Federal (TRF) decidiu manter a decisão que inocentou os três acusados do acidente. Ainda cabe recurso.

Para Dario Scott, que além de pai de uma vítima também preside a Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo TAMJJ3054 (Afavitam), o resultado obtido até gora já é considerado uma vitória, mesmo com a absolvição dos três réus. “Buscamos ao longo desses dez anos a verdade com as investigações e isso nós conseguimos. Buscamos a justiça para que os responsáveis fossem punidos e para que essa pena servisse de exemplo para que pessoas não corram riscos desnecessários com a vida das pessoas. Infelizmente tivemos a absolvição em primeira e segunda instância dos réus denunciados, mas esperamos que o procurador-geral entenda que realmente houve crime porque tudo o que levantamos mostrou que expuseram a aeronave ao risco e entre com novo recurso”.

O procurador da República em São Paulo, Rodrigo De Grandis, que acompanhou o caso desde o início, ressaltou que não tem mais atribuição para entrar com um novo recurso, mas ele avalia que há todos os requisitos para isso. “Se dependesse de mim eu ofereceria o recurso. Se o recurso existir há grande possibilidade de reforma, ou seja, dos réus serem condenados. Do ponto de vista probatório é inegável que a condenação me parece necessária”.

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