Prefeita de Ribeirão Preto é presa na segunda fase da Operação Sevandija

Operação apura fraudes de R$ 203 milhões em licitações

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Operação apura fraudes de R$ 203 milhões em licitações

A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), foi presa nesta sexta-feira (2) na Operação Mamãe Noel, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco). A prisão integra a segunda fase da Operação Sevandija, que investigou fraudes e desvios de dinheiro em contratos de licitações de R$ 203 milhões na Prefeitura de Ribeirão.

Segundo a PF, a nova operação apura crimes de peculato, falsidade ideológica, uso de documento falso, corrupção ativa e passiva, entre outros. O nome “Mamãe Noel”, é uma referência às evidências ainda de que a ex-advogada do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Ribeirão Preto Maria Zuely Librandi repassou, entre 2013 e 2016, mais de R$ 5 milhões aos demais denunciados, em dinheiro e cheques, desviados da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto.

O esquema de desvio no Sindicato dos Servidores Públicos Municipais foi descoberto acidentalmente nas investigações da “Operação Sevandija” que envolveram interceptações telefônicas, análise de milhares de documentos e envolvia o pagamento de propina para a liberação de honorários advocatícios. Por conta do plano Collor, o Sindicato dos Servidores venceu uma ação de R$ 800 milhões contra o poder público.

A ação cumpre mandados de prisão preventiva, de busca e apreensão e bloqueio de bens em três cidades do Estado de São Paulo, e é a segunda fase da “Operação Sevandija”, iniciada em 1º de setembro.

Ela estava em sua casa, no bairro Ribeirânea, quando foi surpreendida e levada para a delegacia da PF na cidade.

O pedido de prisão partiu da Procuradoria de Justiça do Estado e outros três investigados, ligados ao Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Ribeirão, também devem ser presos.

Todos devem responder a crimes como falsidade ideológica e corrupção.

A casa da prefeita e seu gabinete haviam sido alvo de busca e apreensão em outra fase da Sevandija, em setembro deste ano.

Grampo de Operação Sevandija, no início da investigação da Sevandija, pegou a prefeita de Ribeirão Preto mandando recado ameaçador a vereadores que não estariam apoiando sua gestão e seus projetos. O diálogo foi interceptado em 15 de junho.

A prefeita não esconde sua irritação com dois vereadores da base aliada, Jiló (PTB) e Maurílio Romano (PP).

Ela queria a aprovação de um projeto para transferência de valores de um fundo municipal para os cofres do Tesouro.

“É fim. Chega. Vota contra. Pode votar contra. Fica a vontade. Mas tira todos os seus cargos do governo hoje. Cara, não votar algo? O cara tá cheio de gente no governo. Manda embora. Não é porque é meu genro, não. Tá asfaltando as ruas do Ipiranga (onde mora Jiló), eu vou mandar parar as ruas do Ipiranga. Quer medir força? Vamos medir. Maurílio diz que não tem um monte de interessado? Vou chamar ele prá ir na delegacia dar o nome dos interessados. Porque eu tenho a lista de todos os que você passou pela Secretaria de Meio Ambiente e Planejamento. Você não brinca comigo, não, Maurílio. Eu não tenho medo de você.”

A prefeita sob suspeita da Sevandija prosseguiu. “Você enterra a minha carreira e eu enterro a sua. Eu tô com o saco cheio desse povo (vereadores). Eu não suporto mais. Eu cheguei no meu limite.”

Também foram presos nesta sexta-feira Sandro Rovani da Silveira Neto e Maria Zuely Alves Librandi, ex-advogados do Sindicato dos Servidores Municipais, e o ex-secretário Marco Antônio dos Santos, que chefiava a Companhia de Desenvolvimento Econônimo (Coderp) e o Departamento de Água e Esgoto (Daerp).

Busca e apreensão

Agentes da PF e do Gaeco também cumprem mandado de busca e apreensão em uma fazenda em Cajuru (SP), comprada por R$ 1,7 milhão pela advogada Maria Zuely, supostamente com dinheiro desviado da Prefeitura.

Ainda segundo a investigação, Maria Zuely foi usada como “laranja” pelos demais suspeitos. Atualmente bloqueado pela Justiça, o imóvel seria uma garantia aos envolvidos nas fraudes diante da proximidade do fim do mandato da atual prefeita Dárcy Vera.

“Zuely quer aproveitar enquanto Marco Antonio e Dárcy comandam o executivo municipal para garantir o máximo de dinheiro possível e empregar esses valores em outras atividades que possam sustentá-los (todos) caso a nova administração não possibilite as mesmas práticas criminosas” , descreve a PF no inquérito da Operação Sevandija.

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