Moro nega pedido da defesa e decide que vai julgar Cláudia Cruz

Ré em processo da Operação Lava Jato

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Ré em processo da Operação Lava Jato

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, rejeitou o pedido da defesa da mulher do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Cláudia Cruz, para que ela fosse julgada pela Justiça Federal do Rio de Janeiro. Moro decidiu que o julgamento ficará com a 13ª. Vara Federal do Paraná, a qual ele responde.

“Se houve ou não lavagem, se agiu ela ou não com dolo, é questão de mérito e não de competência. Ante o exposto, julgo improcedente a presente exceção de incompetência”, disse o juiz na decisão. A decisão é do dia 7 de novembro e foi protocolada no sistema eletrônico da Justiça do Paraná na noite desta terça-feira (8).

Assim como o marido, Cláudia Cruz também é ré em processo da Lava Jato. De acordo com as investigações, ela foi favorecida, por meio de contas na Suíça, de parte de valores de uma propina de cerca de US$ 1,5 milhão recebida pelo marido. O depoimento dela já estava marcado para o dia 16 de novembro, em Curitiba.

O ex-diretor da Petrobras Jorge Luiz Zelada e o lobista João Augusto Rezende Henriques também estão no mesmo processo e serão ouvidos a partir desta quarta-feira (9) por Moro, em Curitiba. A audiência começa às 14h.

Segundo o MPF (Ministério Público Federal), Cláudia tinha plena consciência dos crimes que praticava e é a única controladora da conta em nome da offshore Köpek, na Suíça, por meio da qual pagou despesas de cartão de crédito no exterior em um montante superior a US$ 1 milhão em um prazo de sete anos, entre 2008 e 2014.

As investigações apontam que o valor é totalmente incompatível com os salários e o patrimônio lícito de seu marido.

Os recursos na conta de Cláudia Cruz foram usados, por exemplo, para pagar compras de luxo feitas no exterior, como artigos de grife como bolsas, sapatos e roupas, ainda conforme o MPF.

A competência é da Justiça Federal do Paraná por vários motivos, segundo o juiz Sérgio Moro.

“Embora não se tenha presente o local do acerto da vantagem indevida do crime de corrupção, é provável que tenha ocorrido no Rio de Janeiro, sede da Petrobrás, e local de residência de vários dos acusados, João Augusto Rezende Henriques, Jorge Luiz Zelada e Cláudia Cordeiro Cruz. Já Eduardo Cosentino da Cunha tinha, na época, endereço no Rio de Janeiro e em Brasília. Já o pagamento da vantagem indevida e a sua ocultação e dissimulação teriam ocorrido na Suíça, através das contas secretas ali mantidas pelos acusados.

Apesar dos locais dos crimes, a competência é deste Juízo, em decorrência da conexão e continência com os demais casos da Operação Lavajato e da prevenção, já que a primeira operação de lavagem, como adiantado, consumou-se em Londrina/PR e foi primeiramente distribuída a este Juízo, tornando-o prevento para as subsequentes”, argumentou Moro.

Visitas ao marido preso

Desde que Cunha foi preso, no dia 19 de outubro, Claudia Cruz compareceu à Superintendência da PF, em Curitiba, para visitar o marido. Em uma delas, no dia 26 de outubro, ela veio acompanhada de três filhos do casal.

Cunha é acusado de receber propina de contrato de exploração de petróleo no Benin, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro. A prisão dele foi determinada por  Sérgio Moro.

Para o juiz, Cunha continuou a tentar obstruir investigações mesmo depois de perder o mandato de deputado federal.

 

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