Ministro do TCU e deputado do PT são alvos da nova etapa da Lava Jato
Operação Deflexão foi deflagrada nesta segunda-feira (5)
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Operação Deflexão foi deflagrada nesta segunda-feira (5)
A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República deflagraram na manhã desta segunda-feira (5) a Operaçao Deflexão, nova etapa da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, e cumprem mandados nas residências do ministro do TCU Vital do Rêgo (PMDB) e do deputado petista Marco Maia (RS).
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavacki autrizou, no âmbito de um inquérito da Lava Jato, buscas e endereços pessoais, funcionais e empresariais do ministro do TCU e do deputado petista, que presidiu a casa entre 2011 e 2012.
Segundo a PF, “o inquérito apura se parlamentares teriam solicitado a empresários contribuíção financeira para que não fosse convocados a prestar depoimento na CPMI”.
Nesta manhã a PF esteve na casa de Maia num condomínio em Canoas (RS). O deputado não estava. Estavam a filha e a mulher dele apenas. Os agentes também foram atrás do parlamentar em Porto Alegre.
O nome da operação faz referência ao verbo defletir, que significa provocar mudança ou alteração no posicionamento normal de algo. Uma alusão ao fato de que, mediante propina, empreiteiros investigados passaram à condição de blindados de uma eventual responsabilização.
A PF cumpre mandados de busca e apreensão em Brasília, Porto Alegre, Canos (RS), João Pessoa e Campina Grande (PB).
A investigação foi aberta em maio com base na delação do ex-senador Delcídio Amaral, que acusou Maia e Vital de cobrarem “pedágio” de empreiteiros investigados na Lava Jato em troca de proteção na CPI. Naquele ano foram realizadas duas comissões para investigar as suspeitas de irregularidades na estatal que vieram à tona com a Lava Jato, uma no Senado e uma Mista. A do Senado terminou sem votar um relatório final e a mista concluiu por pedir o indiciamento de 52 pessoas. Nenhuma delas, porém, chamou os executivos das grandes empreiteiras para depor.
Vital do Rêgo e Marco Maia eram, respectivamente, presidente e relator da CPI mista. No pedido de abertura de inquérito, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que os fatos narrados por Delcídio indicam crimes de concussão ou corrupção passiva, o que está sob apuração.
Em primeira instância, o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) está preso preventivamente desde abril e já foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 19 anos de prisão corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação de organização criminosa por também ter atuado para cobrar pagamentos das empresas em troca de proteção na CPI. Em 2014 ele foi vice-presidente da CPI Mista, mas como não foi reeleito naquele ano, ele não possui foro e foi julgado em primeira instância.
‘R$ 1 milhão’. Além do ex-senador, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro também relatou a pressão dos dois em sua tentativa de negociar um acordo de colaboração premiada. Em depoimento ao juiz Sérgio Moro em setembro, após voltar a ser preso preventivamente, Pinheiro disse que Maia o procurou em 2014 para tratar do assunto.
“Ele teve uma conversa comigo, que podia ajudar porque o relatório é fruto de todo um trabalho investigativo feito durante o período (da CPI) e o relatório final é que é votado. Então, ele teria condições de ajudar no sentido de proteger nossa empresa”, relatou.
Ainda de acordo com Pinheiro, Marco Maia teria lhe relatado uma “dificuldade bem grande” pelo fato de ser relator de uma investigação que implicaria grandes empresas e traria dificuldades para ele conseguir doação para sua campanha. O deputado teria então, segundo o empreiteiro, solicitado ajuda financeira.
“Queria lhe solicitar, em troca de lhe ajudar quando estiver fazendo o relatório final da CPI, uma contribuição de R$ 1 milhão”, teria dito o deputado, segundo o empreiteiro.
Léo Pinheiro confirmou ao juiz Sérgio Moro que sua empresa acabou fazendo o pagamento para um empresário indicado pelo parlamentar e que atuaria para campanhas políticas.
‘Doações’. Além disso, a defesa do executivo entregou à Justiça em outubro notas fiscais e comprovantes de transferências da empreiteira para uma construtora no interior da Paraíba que, segundo Pinheiro, foram utilizadas para lavar R$ 1,5 milhão de caixa 2 para a campanha de Vital do Rêgo ao governo daquele Estado em 2014. Ele foi derrotado naquele ano e acabou deixando o Senado para ir para o TCU.
Segundo o empreiteiro, o valor repassado a Vital faz parte dos R$ 2,5 milhões que a OAS teria pago ao PMDB como parte do acerto com Vital e Argello para conseguir a proteção nas CPIs. Os repasses via doações a partidos e políticos foi uma das formas utilizadas entre os políticos e os empresários para conseguir a blindagem nas comissões.
Em relação a Gim Argello, as investigações em primeira instância apontaram que ex-senador recebeu R$ 7,35 milhões da UTC Engenharia, da Toyo Setal e da OAS em 2014. Segundo a força-tarefa, o repasse de propinas foi feito via doações eleitorais para os partidos da coligação de Gim em 2014 – formada por DEM, PR, PMN , PRTB e PTB. Apesar de citar os outros partidos, o MPF não acusa eles, pois não há elementos para provar que eles sabiam do acerto feito por Argello.
As doações foram divididas da seguinte forma: R$ 5 milhões da UTC Engenharia, R$ 2 milhões da Toyo Setal. Além disso, a OAS repassou R$ 350 mil para a Paróquia São Pedro, em Taguatinga (DF), onde é realizada a Festa de Pentencostes, que reúne milhares de fiéis e conta com a presença de políticos, como Argello.
A defesa de Marco Maia e a assessoria de Vital do Rêgo firam procuradas mas ainda não se manifestaram.
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