Fotógrafo encontra ruínas de centro histórico submerso no ‘Velho Chico’

Cidade foi inundada para construção da Barragem de Itaparica

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Cidade foi inundada para construção da Barragem de Itaparica

Ruínas de casas, postes e uma praça foram encontrados submersos no Rio São Francisco. Os imóveis e objetos que formavam a cidade de Itacuruba, no Sertão de Pernambuco, antes da inundação foram descobertos pelo fotógrafo Luiz Netto durante uma expedição que durou 15 dias. Os escombros de uma igreja e do clube de dança trouxeram aos moradores lembranças da cidade que foi deixada pelos moradores no final da década de 1980.

O grupo liderado pelo fotógrafo encontrou mais de dez casas. Embarcações, veículos e o antigo clube foram redescobertos após quase 30 anos. Alguns dos imóveis, segundo o fotógrafo, estão em bom estado de conservação. “Tem, provavelmente, uma escola pelo número de cômodos, e também um açougue. Muitas casas estão com paredes inteiras e até com telhados, coisa difícil de encontrar aqui no São Francisco”, disse.

No início da expedição foram encontradas ruínas da zona rural, mas a equipe teve dificuldades para achar o Centro da cidade. “Foi com a ajuda de um antigo morador da cidade inundada que encontramos o Centro. Ele [o morador] foi melhor que GPS; ele botou a gente no centro histórico. Quando colocamos o sonar, descobrimos que era ali mesmo o local exato do centro”, afirmou o fotógrafo. Os escombros estão a mais de nove metros de profundidade.

Para sair da antiga cidade, os moradores tiveram autorização para levar materiais que poderiam ser reutilizados na nova cidade. Tijolos e pedaços de telha prontos para serem transportados foram encontrados submersos. O que mais chamou a atenção dos moradores que viveram na cidade – antes dela ser tomada pela água – foi a descoberta do antigo clube onde eles dançavam. Era o local que mais pediam para a equipe encontrar.

Saída da cidade

O remanejamento dos moradores foi feito pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco para a construção da Barragem de Itaparica. Segundo a assessoria da Chesf, a distribuição dos lotes residenciais para o atual território onde está Itacuruba foi feito em meados de 1985. O processo de saída da antiga para a nova cidade durou quase três anos.
As famílias foram retiradas da antiga cidade para ser feita a inundação a partir da segunda quinzena de 1987, até março de 1988. Antes da inundação, a Companhia disse que foram cadastradas 1.250 famílias, das quais 533 eram da zona urbana e 717 da zona rural. A água foi liberada para o espaço onde era a antiga cidade em 1988.

Para que os moradores deixassem a antiga cidade, a Chesf disse que as famílias optaram por receber uma compensação financeira, renunciando aos benefícios do reassentamento rural. “Tal formalização foi realizada entre os anos de 1999 a 2002 e aquelas que estavam reassentadas nos Projetos Irrigados tiveram as Escrituras Públicas liberadas para entrega no mesmo período, havendo então o corte da VMT”, conforme a assessoria.

A Companhia informou que algumas famílias não optaram pelo reassentamento, mas não informou quantas. Segundo a Chesf, as famílias “que não optaram por reassentamento em Projeto,  formalizaram, entre os anos de 1999 a 2002, um Instrumento particular de Transação, a título de compensação financeira pela renúncia aos direitos resultantes do Programa de Reassentamento de Itaparica”. Sobre os assentados da zona rural, a assessoria disse que a maioria está no perímetro irrigado.

O reservatório
A barragem de Itapairca tem capacidade de 10,7 bilhões de metros cúbicos. O reservatório se estende até o município de Belém do São Francisco, em Pernambuco, e ocupa uma área de ou 834.000.000 m2.

Últimas Notícias

Conteúdos relacionados