Dinheiro foi movimentado após a deflagração da

A força-tarefa da Operação Lava Jato afirmou na manhã desta quinta-feira (2) que o ex-diretor de Internacional da Jorge Zelada, ligado ao PMDB e preso hoje pela Polícia Federal, tentou esconder 7 milhões de euros. O dinheiro estava em contas na Suíça e foi transferido para o Principado de Mônaco, onde a Justiça já confiscou um total 11 milhões de euros pertencentes ao ex-dirigente da estatal. A transferência do dinheiro de um país para outro aconteceu em julho e agosto de 2014, quatro meses após o estouro da Lava Jato. “Isso demonstraria inequívoco propósito atual do investigado de continuar a ocultar o produto de seus crimes e dificultar a investigação”, afirmou a Procuradoria da República no Paraná, em comunicado à imprensa.

Hoje, Zelada foi preso e a PF fez buscas em quatro endereços no estado do Rio de Janeiro: três na capital fluminense e um em Niterói (RJ). Um deles, foi na empresa TVP Solar do Brasil, que pertence ao ex-diretor de Internacional. A 15ª fase da Lava-Jato foi apelidada de “Conexão Mônaco”. Zelada, que esteve no cargo entre 2008 e 2012, será transferido hoje do Rio para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

O recebimento de propinas por Jorge Luiz Zelada foi mencionado por “diversos colaboradores”, de acordo com a Procuradoria. “Há indicação também de um relatório de auditoria da Petrobras que menciona a responsabilidade de Zelada pelas irregularidades verificadas na contratação do navio sonda da empresa Vantage”, informou o comunicado do Ministério Público. “Há suspeitas de que o ex-Diretor tenha recebido propinas desse contrato.” 

A Procuradoria suspeita que a totalidade dos 11 milhões de euros depositados em Mônaco sejam fruto de subornos obtidos “em razão do cargo exercido na Petrobras”. O valor foi confiscado em março, junto com outros 20,5 milhões de euros do ex-diretor de Engenharia da Petrobras Renato Duque, preso pela Lava Jato em outra ocasião.

Segundo o Ministério Público, Zelada é suspeito de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A Polícia Federal afirma que os investigados da operação de hoje também responderão por desvio de verbas e fraude em licitações. A prisão de Zelada é preventiva, ou seja, não tem data para terminar e ficará a cargo do juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro.

O foco das investigações é o recebimento de propina dentro da Diretoria de Internacional, que foi ocupada por Zelada após a saída de Nestor Cerveró, que também está preso.

20% da propina
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-gerente de Serviços e Engenharia Pedro Barusco disse que Zelada participava da divisão de propinas vindas da contratação de fornecedores da Petrobras. Ele afirmou que uma parte dos pagamentos eram destinadas ao PT e outra, aos funcionários, a chamada “Casa”. Da parte da “Casa”, 50% ficava com o então diretor de Engenharia e Serviços Renato Duque, 30% com o próprio Barusco e 20% com Zelada.

Segundo delator, Zelada recebeu propinas na construção de plataformas, como a P-51 e a P-52. Um desses pagamentos foi de R$ 120 mil, entregues em espécie na casa do ex-diretor de Internacional da Petrobras, de acordo com declarações de Barusco prestadas à PF em sua delação premiada, no dia 24 de novembro de 2014. O delator disse à polícia que “acha” que Zelada recebia propina no exterior por ter conta no mesmo banco que Renato Duque.

Odebrecht
Zelada também foi denunciado pelo Ministério Estadual Público do Rio de Janeiro em 2014 por favorecimento em licitações à Odebrecht. Em entrevista à revista Época, o lobista e ex-funcionário da Petrobras João Augusto Henriques disse que ‘montou' um contrato de prestação de serviços na área de meio ambiente e segurança para ser vencido pela empreiteira.

O contrato foi fechado em US$ 825 milhões, mas depois foi revisto por uma auditoria interna na Petrobras. Desse valor, afirmou Henriques, US$ 8 milhões foram parar na campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010, nas mãos do então tesoureiro João Vaccari, hoje preso na Lava-Jato. O lobista afirma que Zelada também recebeu uma parte do dinheiro.

A Odebrecht e a Petrobras brigam na Justiça por causa da mudança no valor do contrato. A empreiteira e os demais acusados já negaram as acusações.