Publicação diz que mulher e filha de juiz deveriam ser violentadas

Um professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV) divulgou em sua página no Facebook comentários que causaram polêmica na rede social.  Joaquim Sucena Lannes teria escrito textos em que faria apologia ao estupro e à violência. Em um dos posts, ele fala que um suposto assaltante deveira entrar na casa de um juiz e estuprar a esposa, a filha e outras mulheres da família dele.

Em conversa por telefone com o G1, o professor negou que faz apologia ao estupro e à violência e classificou a denúncia como “covarde e maldosa”.

A UFV enviou nota ao G1 afirmando que “não se manifesta sobre comentários de professores, técnicos-administrativos e estudantes em ambientes particulares, como perfis de redes sociais.”

O post que mais chamou a atenção teria sido feito na tarde da última segunda-feira (15), quando Lannes compartilhou uma falsa notícia sobre um ladrão que assaltou um juiz após o magistrado tê-lo libertado. Em seu texto, o professor escreveu: “Bem feito. Tomara que futuramente este marginal entre na casa do juiz (sic) estupre a mulher dele, a filha e outras mulheres da família dele. Aí quem sabe ele possa ver quem merece ficar solto e quem merece ficar preso. Bem feito.”

Em um comentário feito pelo professor na mesma postagem, ele se justifica após receber opiniões contrárias em sua publicação. “Engraçado, algumas pessoas acharam que meu pensamento é errado. Mas é apenas uma reflexão. A polícia (sic) prende meliantes, ladrões, estupradores, etc. Gente que entra em nossas casas e matam, ferem, estupram, entre outras coisas. Depois, um juizinho vem e solta o meliante para fazer mais. Ok, não vamos discutir por isso. Isto é minha opinião. Não gostou? Levem o meliante para casa (sic) deem carinho a ele. O protejam. Sem problemas. O juiz solta e vocês acolhem. E fim de papo”, dizia o comentário.

Joaquim Sucena Lannes entrou em contato com o G1 na noite desta terça-feira (16), quando reconheceu a publicação e afirmou que tem o direito de dar sua opinião. “Eu tenho direito de me expressar e talvez tenha me expressado mal. Eu manifestei a minha opinião, para que as pessoas pudessem entender”, contou.

O professor disse que respeita a opinião de outras pessoas, mas que já excluiu da rede social os que discutiram especificamente naquela publicação.

“Essas pessoas que devem ter mandado isso (o print com a denúncia) têm a posição delas, que eu nunca contra-argumentei na internet, e eu tenho direito de ter a minha opinião. Antes da universidade me ligar, eu apaguei a postagem e desfiz as amizades com essas pessoas.” E completou afirmando que a publicação tem caráter político. “Já fui petista e hoje sou contrário ao partido, mas não vou ficar batendo boca no Facebook. Eu quero que respeitem a minha opinião”, disse.

Questionado se estaria fazendo apologia ao estupro e à violência com as frases que escreveu na publicação, ele negou e disse estar sendo vítima de atitudes maldosas e covardes. “Não sei te dizer de onde partiu isso. Não estou fazendo apologia, sou contra violência. Eu tenho família. Esse tipo de coisa é uma questão muito maldosa. Eu faço as minhas colocações em sala de aula, mas dentro da lei. Quando digo ‘pega e leva para a sua casa’ é para que dê carinho e amor, para ver se corrige. Mas eu não estou fazendo apologia. O que foi feito (a denúncia dos comentários) é covarde. Essas pessoas tem acesso a mim, poderiam ter me chamado e conversado comigo”, afirmou.

Por fim, ele fez questão de separar sua opinião do posicionamento da universidade para a qual trabalha. “Isso é importante deixar claro: a universidade não tem nada a ver com isso. Essa é a minha opinião, a minha posição”, concluiu.

Joaquim Sucena Lannes é chefe do departamento de Comunicação da Universidade Federal de Viçosa. De acordo com o site da instituição, Lannes é doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp). Ele ingressou na UFV como professor da Faculdade de Comunicação em 2006.

O G1 também entrou em contato, na noite da última terça (16), com o Ministério da Educação (MEC) mas ainda não houve retorno.