Segundo Bendine, o plano anterior foi preparado

O presidente da , Aldemir Bendine, disse hoje (29) que o cadastro de fornecedores da empresa está sendo revisto desde que foi criada, em novembro do ano passado, a Diretoria de Governança, Risco e Conformidade, após as denúncias de desvio de recursos da companhia. Ele preferiu não fazer referências específicas a qualquer empresa, denunciada ou não, na Operação Lava Jato.

“Não vou me ater a empresa x, y ou z; se ela está denunciada ou não na Operação Lava Jato. A gente quer dar um tratamento diante deste novo modelo de decisão de projetos daqui por diante, que está lastreado numa política de governança e compliance [conformidade] totalmente diferente. O que a gente vai buscar é uma revisão de todo esse cadastro, em primeiro lugar; em segundo lugar, vamos buscar medidas protetivas de maior robustez na relação com os novos fornecedores; e em terceiro, aplicar as regras de compliance e risco em cima de todos os fornecedores, para que a gente tenha maior segurança na execução de nossos projetos”, revelou em entrevista, na sede da empresa, no Rio de Janeiro.

A Petrobras anunciou hoje o Plano de Negócios e Gestão (PNG) para o período 2015-2019, que determina redução de 37% (US$ 90,3 bilhões) nos investimentos, em relação à previsão anterior para o período de 2014 a 2018. O investimento total do novo PNG será de US$ 130,3 bilhões. Na avaliação do presidente, o novo plano é robusto e está de acordo com a realidade atual do mercado internacional.

“O que a gente está fazendo é adequar a Petrobras à nova realidade que se impõe neste momento, no mercado de óleo e gás. Isso, atrelado também a uma mudança de filosofia. Principalmente, na questão de geração de rentabilidade da empresa”, explicou.

Segundo Bendine, o plano anterior foi preparado em um cenário de bom equilíbrio da taxa de câmbio e com alto valor do barril do petróleo, que era equivalente a US$ 120, situação diferente da atual. “A realidade que se impõe hoje para a empresa, 18 meses depois do plano anterior, é que não temos um mercado em que a gente possa fazer uma expansão [de produção] a qualquer custo, endividando ainda mais a empresa. Temos que trazer a empresa para dentro de uma realidade a que o mercado internacional hoje se impõe, e acreditando nos indicadores que colocamos no Plano de Negócios [e Gestão]. Esse valor de US$ 60 a US$ 70 o barril é muito bom em termos de rentabilidade para a empresa, mas não são US$ 120”, esclareceu.

O PNG 2015-2019 definiu ainda a redução na expectativa de produção de óleo e gás no Brasil – de 4,2 milhões de barris/dia, no plano anterior, para 2,8 milhões de barris. Na avaliação do presidente, isso não significa que a Petrobras está abrindo mão de competir no mercado internacional. “Essa é a realidade que a gente acredita. Ela é desafiadora ainda, mas foi feita muito com o pé no chão, e a gente acredita que vamos ter plena condição de cumpri-la, sempre buscando não só cumprir, mas buscar condição de gerar valor e rentabilidade para o acionista”, assegurou.

Bendine disse as projeções feitas pela Petrobras, no cenário favorável de planos anteriores, acabaram gerando uma dívida em dólares extremamente elevada, e a companhia se colocou em situação de desconforto. Ele acrescentou que as correções postas no momento, diante da nova realidade, vão permitir que a empresa supere as dificuldades. “A gente entende que pode colocar a companhia em uma nova situação, e isso tem acontecido. A prova é a credibilidade que investidores estrangeiros e nacionais têm dado à companhia. A gente vai buscar, com muito empenho, cumprir este Plano de Negócios [e Gestão] para que a companhia volte a gerar bastante valor e rentabilidade aos investidores”, apontou.