Município do Pantanal vai recuperar 18 nascentes em um ano

A ação oferece grandes resultados para a população e para o meio ambiente

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A ação oferece grandes resultados para a população e para o meio ambiente

O município mato-grossense de Mirassol D’Oeste, de pouco mais de 24 mil habitantes, vai recuperar 18 nascentes até dezembro de 2016. A ação, que a princípio pode parecer pequena, oferece grandes resultados para a população e para o meio ambiente.

Todos os mananciais desembocam nos rios Caeté e Carnaíba, responsáveis pelo abastecimento da cidade, conforme informações do Consórcio Nascentes do Pantanal. “As nascentes recuperadas fornecerão água de qualidade e em quantidade para garantir segurança hídrica – evitar uma crise por escassez”, explica o coordenador do Programa Água para Vida do WWF-Brasil, Glauco Kimura de Freitas. “Tangará da Serra, também em Mato Grosso, enfrentou falta de água devido à poluição do rio Sepotuba. Mirassol está em tempo de evitar situação semelhante por meio de ações como essa”, continua Kimura de Freitas.

Além disso, o ecossistema pantaneiro também se beneficia: os rios Caeté e Carnaíba desembocam em um rio maior, o Jaurú, que cai no Pantanal, a maior área úmida do planeta. “Recuperar nascentes não é agir apenas no local onde ela está. É conservar toda uma cadeia hidrológica, todo um ecossistema, como o Pantanal, que tem mais de cinco mil espécies animais e vegetais registradas ”, conclui o coordenador do Programa Água para Vida do WWF-Brasil.
 
A inciativa acontece graças à parceria entre o WWF-Brasil, o Rotary Club de Mirassol D’Oeste, o Consórcio Nascentes do Pantanal e o Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal, aliança entre representantes do setor público, privado e sociedade civil organizada pela defesa dos rios e nascentes da região.  

Levantamento de dados
Foram identificadas e mapeadas 30 propriedades rurais do município, localizadas às margens dos rios Caeté e Carnaíba, somando 63.539 hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs). Desse total, há 35.276 hectares a recuperar. Do total de imóveis pesquisados, foram identificadas as 18 nascentes completamente destruídas. 

“Durante a investigação, observamos alguns pontos negativos, como o uso das nascentes como bebedouro de água para o gado, o manejo inadequado do solo e a falta de curvas de nível, o que causa assoreamento dos rios e prejudica sua quantidade e qualidade”, diz Ângelo Lima, especialista em Recursos Hídricos do WWF-Brasil. “Com o diagnóstico em mãos, já é possível planejarmos o início do trabalho de recuperação e monitoramento, que está previsto para o fim deste ano”, completa.

Soluções
Todos os proprietários rurais estão prontos para a realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e vão aderir ao Programa Produtor de Água da Agência Nacional de Águas (ANA) e receber incentivos por meio de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Por meio dessa ferramenta, os proprietários de terra são remunerados por atuar em prol da conservação e da preservação dos recursos hídricos.

Para impedir que o gado seja levado até as nascentes para beber, o que provoca o aterramento das mesmas, o Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal, em parceria com o WWF-Brasil e o Consórcio Nascentes do Pantanal, vai instalar bombas de água nas 18 nascentes. “Primeiro vamos cercar cada uma delas e depois vamos fazer a recomposição da vegetação nativa”, explica Elizene Vargas Borges, coordenadora de Cadeia Produtiva do Consórcio Nascentes do Pantanal. “Em seguida vamos instalar bombas d’água para que o gado não precise mais beber a água direto nas nascentes”, continua. “Com isso evitaremos a degradação e aos poucos as nascentes vão se tornando mais produtivas”, finaliza.

O Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal
A aliança prevê a recuperação de 700 quilômetros de rios e pelo menos 30 nascentes de uma área percorrida pelo rio Paraguai e afluentes como Sepotuba, Cabaçal e Jauru, rios que compõem o Pantanal, a maior área úmida do planeta. 

O projeto surgiu em 2012, quando um estudo – realizado pelo WWF-Brasil, em parceria com o HSBC, a The Nature Conservancy (TNC), o Centro de Pesquisas do Pantanal, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a Carterpillar – mostrou que a área onde nascem 30% das águas que alimentam a planície pantaneira e garantem o abastecimento de municípios onde vivem e trabalham pelo menos três milhões de pessoas estava em alto risco ecológico.  

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