Membros de várias religiões protestam no Rio de Janeiro contra intolerância

Ato é realizado após menina de 11 anos ter sido apedrejada em saída de culto

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Ato é realizado após menina de 11 anos ter sido apedrejada em saída de culto

Um protesto contra intolerância religiosa reuniu diversas pessoas neste domingo (21) no Largo do Bicão, na Vila da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro. O ato, que agrupa fiéis de diferentes religiões,foi realizado após a menina Kailane Campos, de 11 anos, candomblecista, ter sido apedrejada na saída de um culto.

Vestidos de branco ou com vestimentas próprias de suas crenças, centenas de religiosos pediam “paz e respeito”, em torno de 11h. Em ato ecumênico, às 12h, o grupo seguia em caminhada em direção ao localonde a menina foi atingida, na Avenida Meriti, na Vila da Penha, Zona Norte.

“É muito lindo ver isso tudo aqui junto”, declarou a mãe de Kailane, Karina Coelho. “Unir todo mundo na paz e o amor entre todos. Eu acho que essa seria a palavra para isso [para definir o protesto]”.

O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informou às 13h38, “que, após a liberação do trecho da Avenida Meriti a partir da altura do Largo do Bicão, sentido Avenida Brasil, o trânsito na região está intenso”.

RJ lidera denúncias
Um levantamento feito pelo G1 com números de 2014 do Disque 100, que recebe telefonemas anônimos sobre vários tipos de violência (da doméstica à homofobia), mostrou que o estado liderou naquele ano o registro de denúncias relacionadas à religião em todas as faixas etárias. Além disso, entre 2011 e 2014, o Rio foi a unidade da federação com maior número de discriminação religiosa contra crianças e adolescentes.

Durante esses quatro anos, foram 16 denúncias de intolerância religiosa contra os jovens. O segundo estado com maior número de casos nesta faixa etária é São Paulo, com 11. Em terceiro, aparecem Bahia e Ceará, com menos da metade das denúncias do Rio: sete.

‘Nada abala fé’
Kailane Campos disse que nunca sentiu nenhum tipo de discriminação e que ficou nervosa no momento da agressão. “Esse susto não abala minha fé, ela vai sempre continuar”, disse.

A menina deu entrevista à GloboNews na companhia da avó, Kátia Marinho, que no candomblé é conhecida como Mãe Kátia de Lufan. Iniciada no candomblé há mais de 30 anos, ela descreveu como foi o momento da pedrada.

“Há 25 anos tenho um barracão na Vila da Penha. Éramos um grupo de oito pessoas, saímos da casa do meu compadre e voltávamos para o meu barracão. Quando pegamos a (Avenida) Meriti, eles estavam no ponto de ônibus. Quando viram um monte de gente de branco, começaram a falar: ‘É coisa do diabo, está amarrado’. Continuamos a andar e de repente só escutamos ela gritar, o sangue desceu”, explicou.

Iniciada no candomblé há mais de 30 anos, a avó da garota diz que nunca havia passado por uma situação como essa.

 

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