LGBTs cobram Alckmin sobre agressão à travesti Verônica
Cobranças foram feitas durante a abertura da Parada Gay
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Cobranças foram feitas durante a abertura da Parada Gay
A abertura da 19ª Parada Gay de São Paulo foi marcada por cobranças públicas de militantes da causa LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) ao governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e ao prefeito da capital, Fernando Haddad (PT).
Em entrevista coletiva concedida à imprensa antes do início do evento – que já reúne uma multidão neste domingo na Avenida Paulista –, Alckmin foi questionado por um jornalista a respeito da conduta da polícia durante a prisão da travesti Verônica Bolina, em abril. Na ocasião, fotos da travesti com o rosto desfigurado, as mãos amarradas e os seios descobertos circularam nas redes sociais. Verônica estava presa no 2º DP (Bom Retiro) por tentativa de homicídio contra uma vizinha idosa.
“Foi feita uma sindicância pela Corregedoria da Polícia Civil, por determinação da Secretaria de Segurança Pública. Foi aberto um inquérito e toda a apuração está sendo acompanhada pela presidente do Conselho LGBT e pela representante da Secretaria da Justiça”, disse Alckmin.
A resposta do governador provocou reação dos militantes que acompanhavam a coletiva, que iniciaram um bate-boca. Na época da prisão de Verônica, a Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado divulgou o áudio de um depoimento no qual a travesti afirmava que não havia sido torturada. O depoimento foi colhido e divulgado pela coordenadora Heloísa Alves, mas a Defensoria Pública chegou a apontar a voz de alguém ditando o texto para Verônica – o áudio chegou a ser exposto pelo jornalista que questionou Alckmin na coletiva.
“Em relação ao áudio, vamos solicitar ao Instituto de Criminalística que o analise para eventualmente verificar se houve algum tipo de coação de qualquer pessoa em relação a isso”, completou o secretário da Segurança Pública do Estado, Alexandre Moraes, também presente na coletiva.
“Nós não admitimos nenhum abuso por parte da polícia. Se houve abuso, será apurado”, continuou Moraes, que foi vaiado.
Os militantes ainda cobraram esclarecimentos sobre a conduta de Heloísa Alves e, diante do silêncio do governador, coube ao secretário da Justiça, Aloisio de Toledo César, também presente na mesa, responder que “é mentira” que a coordenadora tenha ditado palavras para Verônica.
Menos dinheiro
Embora tenha sido muito aplaudido e chamado de “prefeito gato”, Haddad não escapou das cobranças. O diretor da Associação da Parada do Orgulho GLBT (APOGLBT), Nelson Matias, criticou o corte de verbas da Parada deste ano e disse que faltou diálogo com a Prefeitura de São Paulo. O evento deste ano recebeu R$ 1,3 milhão, contra R$ 2 milhões do ano passado.
“Tentamos insistentemente neste ano conversar com o prefeito, foi uma relação difícil, estressante. Nós queremos diálogo, não queremos confronto”, disse Matias.
Haddad, então, respondeu que vai marcar uma reunião com a APOGLBT já na próxima semana, para tratar da Parada Gay de 2016, mas afirmou que a prefeitura recebeu os organizadores do evento em 13 ocasiões só neste ano. Sobre o corte de verbas, Haddad disse que a prefeitura cortou o camarote, “caro e pouco usado”, e que o custo da Feira LGBT acabou ficando a cargo do governo do Estado.
“Foi cortado o camarote: pagar R$ 400 mil num camarote que ninguém entrava? A gente cortou, era muito dinheiro. Demos outra destinação para esse recurso. E o governo do Estado assumiu os custos da feirinha, que eram de outros R$ 400 mil”, disse Haddad. De acordo como prefeito, os R$ 700 mil que a prefeitura deixou de gastar foram usados em outros programas para a comunidade LGBT, como o Transcidadania, que custou R$ 1,5 milhão.
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