Indígenas são flagrados vendendo tartarugas vivas por R$ 40 em MT

Comércio de tartarugas causa movimentação em praça de Santa Terezinha

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Comércio de tartarugas causa movimentação em praça de Santa Terezinha

Indígenas da etnia Karajá foram flagrados vendendo tartarugas em uma praça às margens do Rio Araguaia, no município deSanta Terezinha, a 1.329 km de Cuiabá. O padre Paulo Xavier passava pelo local nesta segunda-feira (1º) e percebeu uma movimentação intensa devido ao comércio dos animais. Ele fingiu ter interesse na compra e fez imagens que mostram as tartarugas no chão, de barriga para cima, para não fugirem, e um comprador saindo com uma tartaruga nas mãos.

A Polícia Civil do município informou que vai abrir inquérito para apurar os indícios de crime ambiental e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) alegou já ter aberto procedimento para tentar identificar, com a Fundação Nacional do Índio (Funai), os índios que estavam comercializando os animais.

Segundo a coordenadoria geral da Funai em Mato Grosso, um antropólogo da Funai foi até Santa Terezinha para conversar com os índios para conscientizá-los sobre a gravidade do crime e, assim, deixarem de comercializar as tartarugas.

Ao padre, um índio disse que cada animal custava R$ 40. Segundo o padre, a venda é rotineira e que já tentou denunciá-la, mas não obteve sucesso. “Os índios vendem tartarugas e peixes livremente pelas ruas daqui, e ninguém faz nada”, contou.

As tartarugas são retiradas da Ilha do Bananal, em Tocantins, segundo o padre. “Eles levam essas tartarugas de barco até Santa Terezinha para vendê-las. Mas, se tivesse fiscalização, ninguém compraria”, disse. Ele contou que, quando estava fazendo o vídeo, os índios ameaçaram tomar o telefone celular dele e alegaram que precisavam fazer a venda.

A venda de animais silvestres é considerada crime ambiental. A multa varia de acordo com a espécie e vale tanto para o vendedor quanto para o comprador. Porém, no caso dos indígenas, é liberado o consumo da carne do animal.

O delegado da Polícia Civil do município, Gutemberg Lucena, alega que a prerrogativa em favor dos índios dificulta a fiscalização, pois, quando flagrados com os animais silvestres, os indígenas argumentam que é para consumo. “Essa fiscalização tem deixado a desejar por falta de efetivo. Para autuar o índio, é preciso que a Funai (Fundação Nacional do Índio) esteja junto”, afirmou.

A superintendente de Fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Maria Souza, informou que o órgão já abriu um processo para identificar os índios em parceria com a Funai e, posteriormente, responsabilizá-los. “A multa varia de R$ 500 a R$ 5 mil por animal”, disse.

 

Conteúdos relacionados