A classificação entre as primeiras escolas foi decidida pelo quesito evolução

As seis escolas mais bem classificadas no Grupo Especial vão voltar no sábado (21) para o desfile das campeãs, marcado para as 21h30. Pela ordem de entrada na Marquês de Sapucaí estarão a Imperatriz Leopoldinense, que ficou em sexto lugar, com 268.9 pontos; a  Portela que, com 269 pontos, conseguiu o quinto lugar – mesmo total de pontos da Tijuca, em quarto lugar, e a Grande Rio, em terceiro. A classificação entre essas três escolas foi decidida pelo quesito evolução, que tinha sido sorteado, antes da apuração começar como o que decidiria se houvesse empate nas notas. As últimas a desfilar serão a vice-campeã Salgueiro, que obteve 269.5 pontos, e em primeiro lugar a Beija-Flor, que alcançou 269.9 pontos, levando para casa o 13º título de campeã.

O diretor da comissão de carnaval da Beija-Flor, Laíla, antes do começo da apuração disse que tinha as melhores expectativas em sair de lá campeão, porque a escola tinha cumprido com o dever de fazer um grande desfile. “Cumprimos religiosamente o que tínhamos dentro do enredo que falávamos da África, desde a época mais primitiva até o país mais desenvolvido da África hoje, e conseguimos o nosso objetivo. Estou tranquilão”, comentou.

Laíla lembrou que no ano passado deixou a apuração antes de terminar, irritado com as notas que considerou “uma covardia” com a Beija-Flor, e disse que esperava para este ano uma situação diferente. “Se for coerente, quatro escolas fizeram grandes carnavais, e a Beija Flor está inserida nessas quatro”, completou. Não deu outra, a escola ganhou, e na confirmação das notas do último quesito ele não conteve a emoção e chegou reclamar de falta de ar. Chorando muito se ajoelhou e disse que agradecia à comunidade de Nilópolis, na Baixada Fluminense, berço a agremiação.

Já o presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, destacou que o desfile agradou o público e à comunidade da escola, mas não concordou com algumas notas dos jurados dadas à agremiação da zona norte. “O mais importante é que a Tijuca fez um grande carnaval e provou mais uma vez que não é uma pessoa que ganha um carnaval. O que ganha é uma equipe. Infelizmente, houve quesitos que os jurados não acharam que estávamos bem, mas o público ficou satisfeito, e a minha comunidade está satisfeita. Fizemos grande carnaval. A nota de mestre-sala e porta-bandeira é brincadeira”, analisou Horta, garantindo, que o casal Julinho e Rute, permanecerá na escola para o ano que vem, como também a atual comissão de carnaval. “A escola vai continuar com a mesma equipe. A gente tem um grande casal de mestre-sala e porta-bandeira, que é um dos melhores que tem aí. Os jurados não entenderam assim, mas não é por isso que a gente vai fazer a troca”, disse.

Na Mocidade Independente, escola da zona oeste, que chegou a ser apontada como uma das seis melhores antes da apuração, apesar de ter ficado em sétimo lugar, com 268,5 pontos, o patrono da agremiação avisou que não haverá mudanças. Tanto a rainha de bateria, a cantora Claudia Leitte, como o carnavalesco Paulo Barros permanecem na escola. “Claudia Leitte vai continuar – excelente, é uma pessoa, que tem uma autoestima muito boa, e fez com que a comunidade toda a adorasse. Paulo Barros, o coração dele agora é verde e branco e permanece”, contou. Acrescentou também que o carnavalesco tem carta branca para idealizar o carnaval da escola. “O bacana é deixar o artista mostrar o trabalho dele. Não posso engessar um artista, o valor do artista é mostrar o que ele pode fazer. Ele é um excelente profissional”, revelou.

Apesar de a Portela ter ficado em quinto lugar, quando havia expectativa até de conquistar o título, Tia Surica, uma das figuras de maior destaque da agremiação de Madureira, na zona norte, não ficou insatisfeita. “Ganha aquela que erra menos. Estou satisfeita. Vamos corrigir os erros e no ano que vem fazer um carnaval mais digno. Tenho certeza que fizemos um bom carnaval e um bom desfile, mas ganha quem erra menos”, contou.

O presidente da Imperatriz Leopoldinense, Luiz Pacheco Drummond, preferiu deixar a avaliação do resultado para depois que forem divulgadas as alegações dos jurados para as notas. “Meu samba enredo foi tido como o melhor, aí oito sambas marcam dez como ele. E na hora que tenho que perder ponto, perco. Não sei qual é o critério que as pessoas julgam. Tenho que ver as justificativas deles”, disse inconformado.

Para o presidente da Mangueira, Francisco de Carvalho, o Chiquinho da Mangueira, não adianta ficar discutindo as notas que a escola conseguiu, mas ele ponderou que se a Estação Primeira tivesse desfilado em condições normais a classificação em décimo lugar, com 267.1 pontos, não teria acontecido. “Se não tivesse sofrido o que ela sofreu, com quatro horas e meia de chuva, tanto de concentração como no desfile, certamente a Mangueira estaria no desfile das campeãs. Acho que o tempo sacrificou demais a escola. O espetáculo com chuva é uma coisa, e sem chuva é outra. Infelizmente, nós e a Viradouro pagamos este preço. A Viradouro acabou até sendo rebaixada”, acrescentou.

Chiquinho também vai manter a equipe de carnaval e o carnavalesco Cid Carvalho, mas adiantou que no ano que vem a Mangueira pode vir com um enredo patrocinado. “Nós vamos discutir muito isso. Já é o segundo ano que a gente faz enredos autorais. O problema não é o enredo autoral. O problema é a dívida que a escola tem de gestões anteriores, que comprometem muito o carnaval. Então, a gente vai pensar se faz uma mesclagem de patrocínio com enredo que não comprometa a identidade da Mangueira”, revelou.

A Vila Isabel, que este ano levou para a avenida um enredo em homenagem ao maestro Isaac Karabtchevsky, ficou em 11º lugar, com 266.2 pontos. A colocação foi uma decepção para os integrantes, que esperavam algo melhor, principalmente porque no ano passado a agremiação foi muito criticada por desfilar com alas faltando partes das fantasias e alegorias incompletas. A presidenta da Vila, Elizabeth Aquino, a Dona Beta, disse que independente da classificação, o desfile agradou à comunidade da terra de Noel Rosa. “Eles estavam entristecidos com o carnaval passado. A gente acredita que conseguiu restabelecer o orgulho deles. As mensagens que a gente recebeu da nossa comunidade, de simpatizantes e de torcedores foi muito gratificante. Independentemente do resultado, eles estão muito felizes. O resultado é parte do processo, mas ter a consciência de que fez um bom carnaval dentro das possibilidades, tanto financeiras como estruturais, e nós fizemos, passamos com dignidade”, comentou.

A Viradouro, de Niterói, na região metropolitana do Rio, ficou em último lugar, e por isso voltará para a Série A, antigo grupo de acesso, de onde tinha saído no ano passado com a conquista do campeonato. No carvaval de 2016 quem vai ingressar no Grupo Especial será a Estácio de Sá, vencedora da Série A com 299,7 pontos. As escolas Unidos de Bangu (291,9), que se classificou em 14º lugar  e a Em Cima da Hora (288,3), em 15º, foram rebaixadas para a Série B, e vão desfilar no ano que vem na Avenida Intendente Magalhães, no Campinho, zona norte da cidade.