Empresa do grupo Galvão teve bens apreendidos sem autorização na “lava jato”

Empresa teve documentos apreendidos sem autorização   

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Empresa teve documentos apreendidos sem autorização 
 

A Galvão Engenharia, uma das empreiteiras citadas na operação “lava jato”, afirma que a Galvão Participações, empresa “irmã” da investigada, teve documentos apreendidos sem a autorização da Justiça. Como as duas companhias funcionam no mesmo prédio, em São Paulo, a Polícia Federal subiu 17 andares a mais, em novembro, para ir até a sede da Galvão Participações pegar documentos, computadores, aparelhos de celular e cartões de créditos.

Embora a segunda empresa estivesse fora do mandado, a PF ignorou avisos de funcionários e advogados que acompanhavam a diligência, de acordo com petição apresentada pelos advogados José Luis Oliveira Lima (foto), Jaqueline Furrier e colegas do Oliveira Lima, Hungria, Dall’Acqua & Furrier Advogados. O escritório defende o executivo Erton Medeiros Fonseca, diretor de óleo e gás da Galvão Engenharia que virou réu por supostamente integrar um cartel que fraudaria contratos da Petrobras.

Ao avaliar o pedido de busca e apreensão, o juiz federal Sergio Fernando Moro autorizou que a PF entrasse em mais de um andar, se julgasse necessário. Mas os advogados apontam que entrar em outra empresa, mesmo no mesmo prédio, já foi declarado ilegal pelo Supremo Tribunal Federal.

Em dezembro de 2014, a 2ª Turma do STF rejeitou o uso de discos rígidos e computadores apreendidos na chamada operação satiagraha. O episódio ocorreu em 2004, quando a PF aproveitou busca e apreensão destinada à sede do Grupo Opportunity, de Daniel Dantas, para vasculhar a sede do banco de mesmo nome, localizado em outro pavimento do prédio.

No novo caso, a Galvão Participações já apresentou pedido para receber de volta o patrimônio apreendido, ainda sem resposta. A empresa aponta que, apesar de ter participação societária na empreiteira investigada, “não se confunde com esta”. Questionada pela revista Consultor Jurídico, a PF preferiu não se manifestar.

Pagamento como vítima
A defesa de Erton Fonseca também afirma que, na verdade, ele e a Galvão Engenharia foram vítimas de concussão (exigência de vantagem indevida). A empresa assumiu repasses a uma empresa controlada pelo doleiro Alberto Youssef, mas disse que ganhou contratos na Petrobras por méritos próprios e foi ameaçada de sofrer “retaliação” caso não fizesse o pagamento. A cobrança partiu do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, segundo os advogados.

Para a Galvão Engenharia, não faz sentido a acusação de que integrou um esquema de fraudes. A empreiteira diz que, em 14 contratos firmados, apresentou orçamentos abaixo do texto fixado pela própria Petrobras.

A defesa de Erton avalia que a denúncia do Ministério Público Federal apresenta uma série de problemas: baseia-se principalmente em delações premiadas, “prova de discutível valor”; faz afirmações genéricas e limita-se a apontar que a Galvão Engenharia integraria um cartel, sem explicar como o réu teria participado.

Os advogados também dizem não haver provas de que a Galvão tenha participado de um “clube” de empreiteiras, como diz o MPF. Segundo eles, a empresa não é citada em documentos apreendidos pela PF, como uma planilha elaborada pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Outro argumento é que o caso não deveria ser julgado pela 13ª Vara Federal de Curitiba, pois nenhum ato relatado ocorreu no Paraná.

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