Humberto Costa acusou a oposição de disseminar o caos 

Em ação coordenada para reagir às articulações de setores do PMDB, da oposição e de movimentos de rua que trabalham pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff, senadores petistas fizeram nesta segunda-feira, depois de um período de silêncio, uma ofensiva em defesa do governo petista contra o que chamaram de “golpe”. Mas o discurso mais contundente foi feito pelo líder do PT na Casa, senador Humberto Costa (PT-PE), que acusou a oposição de disseminar o caos e disse que ninguém aceitará qualquer saída fora da Constituição. A reação no Senado coincide com a volta do ex-presidente Lula para as ruas essa semana em Brasília, em atos do MST e do PT.

Conclamando setores da sociedade a rejeitar o “golpe” e a buscar um grande pacto político e social, Humberto Costa citou as notas da Fiesp e Firjan em apoio a um pacto de união nacional para tirar o Brasil da crise.

“É lamentável que alguns elementos da oposição sigam apostando, de maneira irresponsável, no caos e na insegurança, urdindo planos para lançar o Brasil num quadro de terra devastada, do qual imaginam emergir como salvadores da pátria”, atacou Costa, completando:

“Aqueles que agem com responsabilidade e altivez já começaram a externar sua inquietude com esse estilo playboy de que alguns têm se valido para atiçar a crise, incendiar o país e disso tirar proveito”, atacou Humberto Costa, dizendo que “os disseminadores do caos” estão cada dia mais isolados em sua estratégia.

Humberto Costa disse que haverá uma convulsão social no país se Dilma deixar o poder e que nenhuma coalizão para sustentar um governo pós queda será aceita, pois os movimentos sociais e beneficiários das conquistas do governo petista nos últimos anos vão para as ruas fazer o embate político.

“A presidente Dilma não vai renunciar e não vai ser impedida de governar! Não pensem esses entusiasmados golpistas que vamos para casa colocar o pijama e assistir a novela das oito”, avisou Costa.

Segundo ele os movimentos sociais e os mais pobres não vão assistir passivamente a um golpe contra a presidente Dilma e o que o país poderá enfrentar uma convulsão social se isso acontecer.

“Passado o momento inicial de perplexidade, haverá uma disputa política bastante dura e dificultará muito a estabilidade econômica e social que já é difícil”, avisou Humberto Costa, acrescentando:

“A convulsão social se dará se houver o golpe. Você acha que os movimentos sociais vão assistir a isso calados? As pessoas que foram beneficiadas durante 12 anos por nosso governo vão aceitar algo diferente? Vai haver disputa política”.

Ao mesmo tempo que acusou a oposição de se unir ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para “atacar o governo com todo tipo de aberração fiscal”, Humberto Costa fez uma conclamação a todos os setores da sociedade e político para se construir uma grande concertação nacional, capitaneada pela presidente Dilma, para tirar o Brasil da crise.

“Para sair desse encurralamento só por meio de um novo pacto político e social”,  disse Humberto Costa, completando:

“Espero que encontremos disposição entre nossos opositores”.

Também nesta segunda-feira, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que foi ministra da Casa Civil, usou da tribuna para criticar o Tribunal de Contas da União (TCU) e seus ministros políticos, acusando-os de agir com oportunismo – sem citar nomes. No TCU, dos nove ministros, cinco já foram parlamentares: o presidente Aroldo Cedraz (antigo PFL-BA), o relator das contas da presidente Dilma Rousseff, Augusto Nardes (PP-RS), além de Ana Arraes (PSB-PE), José Múcio Monteiro (PTB-PE) e Vital do Rego (PMDB-PB).

Gleisi também atacou o PSDB, classificando-o como partido perdedor das eleições de 2018, e até mesmo a base de apoio ao governo que, de acordo com ela, tem ajudado na votação de pautas-bomba. Para a senadora, o PSDB, inconformado com a derrota nas urnas, tenta retirar Dilma do poder por várias maneiras, incluindo a rejeição das contas da petista por supostas irregularidades nas chamadas pedaladas fiscais. E, na visão dela, o TCU tem ajudado nessa manobra.

“Aqui não posso deixar de comentar o oportunismo como essa discussão tem acontecido. Oportunismo. O TCU nunca se preocupou seriamente com essas questões, com as chamadas pedaladas. Nunca se preocupou. Está demonstrada que essa é uma prática normal em outros governos”, afirmou.

“Os ministros sabem disso porque já deram parecer e veredicto em outras contas que tinham as mesmas condições das ditas pedaladas. Mas parece que temos vários deles engajados no esforço de inviabilizar o mandato da presidente escolhida por voto popular. Curiosamente, são os ministros políticos os mais engajados”,  atacou.

Gleisi, que já pensou em se candidatar a uma vaga no TCU, disse que é contrária à indicação de políticos para o tribunal.

“Não tenha nada contra os políticos. Aliás, faço uma reflexão se o tribunal teria que ter, sim, políticos entre seus ministros”.

Depois, Gleisi voltou sua metralhadora giratória contra a oposição, sobretudo o PSDB. Ela lembrou que os líderes do partido na Câmara, Carlos Sampaio (SP), e no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), defenderam, em entrevista, que, em caso de impeachment, haja a realização de novas eleições, contrariando a Constituição Federal, que deixa claro que, se o titular da Presidência for interditado, quem assume é o vice-presidente, no caso, Michel Temer (PMDB).

“Querem eleições agora, antes de 2018. Difícil entender isso porque eles não explicam”.

Para a senadora, a base aliada do governo, sobretudo na Câmara, está desorganizada e o que se tem feito é impor derrotas à presidente, mesmo que isso cause impactos nas contas públicas.

 

“Problema politico se passa pelo desmanche da base governista. Base do governo está desorganizada. Não há como negar isso. Há uma disputa por espaço no governo, pela pauta de votação , pelos efeitos da Operação Lava Jato, entre outras. Essas disputas podem ser consideradas normais. O que não é normal é o esforço para votar uma pauta que não é contra Dilma ou contra o PT, mas contra o pais”.