Cunha oficializa rompimento com Dilma: “Essa lama eu não vou aceitar”
Cunha também acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de agir para ser reconduzido ao cargo
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Cunha também acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de agir para ser reconduzido ao cargo
“Essa lama, em que está envolvida a corrupção da Petrobras, cujos tesoureiros do PT estão presos, essa lama eu não vou aceitar”, disse o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao oficializar o rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). O parlamentar afirmou, no entanto, que cumprirá seu papel constitucional. Também criticou as denúncias da Operação Lava-Jato e ressaltou que “está certo que é uma orquestração e tem a participação do governo”.
Cunha também acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de agir para ser reconduzido ao cargo. A atitude de Cunha é uma retaliação ao Palácio do Planalto, após a divulgação da delação de Júlio Camargo, nessa quinta-feira (16), de que ele teria cobrado US$ 5 milhões em propina. Ontem, ele se encontrou com o vice-presidente da República, Michel Temer, comandante do PMDB, para tratar do assunto. Eles tiveram uma conversa na Base Aérea de Brasília momentos antes de o vice deixar a capital federal. Segundo relatos, o presidente da Câmara se mostrava “indignado”.
Caindo fora
Ontem, ele afirmou que agora “todos estão falando a mesma língua” em seu partido em relação ao rompimento da aliança com o PT para as próximas eleições. Segundo Cunha, os peemedebistas estão “doidos para cair fora”. “Ninguém aguenta mais aliança com o PT”, resumiu. Para ele, a realidade é que o PMDB não está no governo porque não participa das discussões públicas. Ele avaliou que só os ministros ocupam espaço na Esplanada dos Ministérios. No entanto, por “responsabilidade com a governabilidade”, ele pregou que a legenda continue no governo Dilma. “Seria uma irresponsabilidade sair do governo”, declarou.
Entre as retaliações ao governo que devem ser colocadas em prática pelo PMDB está além da convocação de ministros mais próximos de Dilma, logo após o final do recesso parlamentar, a instalação das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e os Fundos de Pensões. Para atormentar o sono do Palácio do Planalto, contrário à criação das comissões, articula-se a entrega das relatorias a integrantes da oposição.
Delação
Júlio Camargo afirmou que o suborno cobrado por Cunha, referentes a dois contratos de navios-sondas da Petrobras que somavam R$ 1,2 bilhão, assinados entre 2006 e 2007, foi pago por intermédio de Fernando Baiano. O doleiro Alberto Youssef participou da transação. O valor total devido em propina pelo executivo era 10 milhões de dólares. Uma parte para Baiano e a outra para Cunha. Camargo apresentou planilhas para provar os repasses feitos em contas do exterior e também pagos diretamente às empresas de Baiano, apontado como o operador do PMDB no esquema de corrupção.
O presidente da Câmara reafirmou que já se encontrou duas vezes com o lobista Fernando Baiano, mas para discutir a medida provisória dos Portos. Cunha chamou Camargo de mentiroso. “Quem não deve não teme. Ele está mentindo”, refutou. “Desminto com veemência as mentiras do delator e o desafio a prová-las”, afirmou o parlamentar, em nota distribuída minutos antes. Ele ainda disse que as afirmações do consultor são inválidas porque foram feitas perante um juiz de primeira instância sobre um deputado federal, que só pode ser investigado no Supremo Tribunal Federal.
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