Delatores falavam em 3%; PF diz que laudos apontam entre 15% e 20%

O delegado da PF (Polícia Federal) Igor Romário de Paula afirmou nesta quinta-feira (2) que o prejuízo que o esquema criminoso instaurado na Petrobras, descoberto pela Operação Lava Jato, supera os R$ 6 bilhões estimados pela estatal.

Diferentemente do que foi dito por investigados, há indícios de que de 15% a 20% do valor dos contratos firmados entre a Petrobras e as empresas prestadoras de serviço fossem destinados à corrupção. Acusados de envolvimento do esquema criminoso, como o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, falavam em 3%.

Este novo percentual, de acordo com a PF, foi determinado a partir de laudos periciais realizados em alguns contratos que estão sob suspeita. “Esses laudos devem ser divulgados em breve, mas eles derrubam a tese de que a corrupção nesses contratos era de 2%, 3%. Provavelmente, nós vamos chegar a patamares de 15% a 20% dos valores de contratos são destinados a corrupção”, disse o delegado.

Ainda conforme o delegado, esses laudos consideram a corrupção destinada a agentes públicos, superfaturamento, jogo de planilhas e também a criação de projetos com o intuito de desviar recursos e favorecer empresas.

“A empresa, além de participar do cartel, além de ter o mercado dividido, ela ainda tinha um pagamento superior justificável por contrato”, acrescentou o delegado referindo-se às empresas suspeitas de participarem de um “clube” que decidia o rumo licitações da Petrobras.

 

O esquema conforme os delatores

O ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso em regime domiciliar no Rio de Janeiro, disse que parte da propina cobrada de fornecedores da estatal era direcionada para atender a PT, PMDB e PP e foi usada na campanha eleitoral de 2010.

 

Os partidos sempre negaram a prática.

As diretorias comandadas pelos três partidos, de acordo com Costa, recolhiam propinas de 3% de todos os contratos. O dinheiro ia para os dirigentes da estatal e para operadores do esquema. Esses operadores repassavam a propina para os partidos políticos, em diferentes porcentagens.

 

Camarilha dos quatro

Nesta quinta-feira (2), foi deflagrada a 15ª fase da Operação Lava Jato. O ex-diretor da área Internacional da estatal Jorge Luiz Zelada foi preso por ser suspeito de participar do esquema. Com esta última prisão, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal consideram ter detido os principais diretores envolvidos nas ações criminosas.

 

O procurador Carlos Fernando dos Santos disse que com a prisão de Zelada, de Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró, está “bem delineada a camarilha dos quatro”.

Todos atuaram como diretores na estatal. O termo Camarilha significa pessoas que convivem com uma autoridade ou personalidade importante e procuram influir direta ou indiretamente sobre suas decisões.

“Eu entendo que nós identificamos os principais diretores envolvidos.  Eu não vou dizer que está encerrada a investigação, mas a quadrilha que se apossou da diretoria da Petrobras já está presa”, disse.

“Todos os diretores dessas áreas da Petrobras recebiam comissões por negócios que facilitavam dentro da Petrobras, seja na área de refinarias e gasodutos, seja na área de navios sondas e plataformas”, acrescentou o procurador.

Carlos Fernando também relatou também que ainda há crimes na Petrobras, mas não no nível das diretorias. “E nós temos muito mais a investigar, mas não creio que nós vamos ter grandes notícias em relação a diretores. Nós vamos ter outras áreas, outros níveis de atuação dentro da Petrobras, gerentes em especial, mas não mais diretores. Não posso afirmar que isso definitivamente não vá acontecer, mas não há nesse momento um indicativo”, finalizou.