Coordenadora do Lar de Frei Luiz não acredita em crime por motivação religiosa

Centenas de pessoas, a maioria vestida de branco, participaram do enterro do corpo do médium Gilberto Arruda, na manhã deste sábado no Lar de Frei Luiz, em Jacarepaguá. O velório ocorreu na quadra do centro e reuniu parentes, amigos e frequentadores do local. O médium foi assassinado dentro de casa, ao lado da instituição.

De acordo com o delegado Rodrigo Brand, da Divisão de Homicídios (DH), a casa em que Gilberto morava com a mulher e a sogra ficará interditada até a próxima segunda-feira para o trabalho de perícia no local. Segundo o RJTV, uma das janelas apresenta marcas de arrombamento.

O crime, ainda sob investigação, chocou os membros da instituição.

“Aqui é uma casa de paz. Pessoas de todas as religiões vêm aqui. Por isso, não acreditamos que o crime tenha sido cometido por intolerância religiosa. No último domingo, tivemos uma festa junina e estava tudo em paz”, afirmou Cristina Fiúza, coordenadora da Central de Voluntariado do Lar do Frei Luiz.

Nelson Duarte, vice-presidente e diretor espiritual da casa, disse que Gilberto Arruda estava desde 6 anos no Lar. Tinha uma mediunidade rara. Ele não será substituído. Mas o trabalho da casa não para. Inclusive, amanhã (domingo) já teremos reuniões normalmente — avisou Nelson Duarte.

O ator Carlos Vereza, que participa de sessões lendo textos, disse que ainda não acredita no que aconteceu.

“Ainda não processei o que aconteceu. Imagine uma pessoa que desde os 6 anos apresentava uma mentalidade diferenciada e acontece uma coisa dessa com ela? Gilberto era impecável. Ele fazia caridade. Imagine uma pessoas reunir de 3 a 4 mil pessoas em reuniões gratuitas? Não consigo processar o que aconteceu. O país está putrefato. Quando a caridade é assassinada é porque o país está doente”, disse Carlos Vereza, que era amigo de Arruda há 27 anos e esteve com ele na última quarta-feira.

 

Médium foi encontrado morto em casa

O médium foi encontrado morto por volta das 8h deste sábado por Marli, segunda esposa de Gilberto, que dormia em um quarto separado. Ele estava amarrado e tinha sinais de espancamento, principalmente no rosto. Havia muitas manchas de sangue no local, segundo o tenente-coronel Rogério Figueiredo, comandante do 18º BPM (Jacarepaguá). Imagens das câmeras de segurança da instituição foram entregues a investigadores da Divisão de Homicídios (DH), que já começaram a ouvir parentes da vítima e funcionários do Lar Frei Luiz. Além da família de Gilberto, moram no local 26 idosos do asilo mantido pela instituição e dois cuidadores.

Peritos da DH passaram a manhã de sexta-feira recolhendo digitais e objetos no centro espírita. Apesar de policiais informarem que nenhuma hipótese está descartada para o crime, há rumores, entre pessoas que trabalham no centro e preferiram o anonimato, que a morte pode ter motivação passional. O temperamento de Gilberto também deverá ser levado em conta na apuração do caso. Embora espiritualizado e voltado para a cura, o médium, segundo amigos, tinha temperamento forte, do tipo que não levava desaforo para casa.

Na véspera da descoberta do assassinato, houve uma reunião com dependentes químicos no centro espírita. O vice-presidente do Lar de Frei Luiz, Nelson Duarte, descartou a hipótese de o assassinato ter sido cometido por alguém que esteve no evento. Ele também disse não acreditar que a morte tenha sido motivada por intolerância religiosa.