Eduardo Cunha, Arlindo Chinaglia e Júlio Delgado disputam o cargo.

A três semanas da eleição para presidente da , marcada para 1º de fevereiro, os três candidatos – Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Júlio Delgado (PSB) – deixaram o recesso de lado e pegaram a estrada para tentar conquistar votos dos colegas.

O recesso parlamentar termina em 31 de janeiro, e os trabalhos na Câmara serão retomados no dia seguinte, um domingo. Na ocasião, os 513 deputados da nova legislatura vão tomar posse, e a Mesa Diretora será eleita para comandar a Casa pelos próximos dois anos.

Para 2015, o orçamento da Câmara dos Deputados aprovado pela Comissão Mista de Orçamento (aguardando votação pelo plenário do Congresso Nacional), é de R$ 5,34 bilhões. Segundo informações da própria Câmara, a Casa tem 18.944 funcionários, dentre secretários parlamentares (11.577), servidores efetivos (3.393), terceirizados (2.365) e cargos de natureza especial (1.609), além de 2.784 aposentados. A Câmara ocupa quatro prédios em Brasília, que somam uma área construída total de 176,2 mil metros quadrados.

Eduardo Cunha
O líder da bancada do PMDB, Eduardo Cunha, tem imprimido o ritmo mais intenso à campanha. Desde o início de dezembro, quando oficializou a candidatura, participou de dezenas de jantares com deputados de diversos partidos.

Em um jatinho bancado pelo PMDB, Cunha tem circulado pelo país para pedir votos. A maratona de viagens não foi interrompida sequer nas semanas de Natal e Ano Novo. Ele já visitou parlamentares em todos os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Na última semana, passou a fazer campanha entre parlamentares das regiões Norte e Nordeste.

Cunha chegou a visitar três estados em um único dia. Na última quarta-feira (7), saiu de Brasília rumo a Rio Branco (AC), passou por Boa Vista (RR) e terminou o dia em Manaus (AM).

A estratégia do peemedebista inclui não apenas conversar com os deputados federais reeleitos, mas também encontrar os novos parlamentares que assumirão mandatos a partir de fevereiro. Nas visitas aos estados, ele se reúne com os integrantes das bancadas federais e aproveita para se aproximar dos líderes políticos locais.

Um dos aliados mais próximos de Eduardo Cunha, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) conta que os deputados simpatizantes da candidatura do peemedebista ajudam na articulação dos encontros nos estados.

Nesta segunda-feira (12), por exemplo, Cunha visitará Salvador para cumprir uma programação montada por Vieira Lima. A agenda prevê audiências com o prefeito ACM Neto (DEM) e com o novo governador da Bahia, Rui Costa (PT). Também estão programadas entrevistas à imprensa local.

O deputado Danilo Forte (PMDB-CE), outro aliado próximo de Cunha, está encarregado da programação no Ceará. na quinta-feira (15). “Estamos organizando a agenda dele”, relatou.

Cunha já assegurou o apoio público de deputados de PSC, Solidariedade, DEM e PRB. Somando-se os 66 parlamentares peemedebistas da Casa eleitos em outubro com os deputados dos quatro partidos que aderiram à sua candidatura, ele pode obter, pelo menos, 136 dos 513 votos.

Arlindo Chinaglia
Ao longo do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, o líder do PMDB liderou as principais rebeliões da base governista, que geraram derrotas políticas importantes para o Executivo. Por este motivo, a candidatura de Eduardo Cunha é vista com restrições pelo Palácio do Planalto.

Dono da maior bancada eleita para a Câmara em outubro – com 70 deputados – o PT tentoureivindicar a presidência da Casa com base no critério da proporcionalidade. Apesar dos apelos petistas, Eduardo Cunha não abriu mão de concorrer à sucessão do atual presidente, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Em dezembro, poucos dias antes do início do recesso parlamentar, o partido lançou, com o apoio de PROS, PDT e PC do B, a candidatura do deputado Arlindo Chinaglia, que já presidiu a Casa entre 2007 e 2009.

Como avalia que seria “praticamente impossível” encontrar os 512 colegas de Legislativo durante o recesso, o petista tem investido mais nas conversas telefônicas. Mesmo assim, tenta correr contra o relógio na campanha eleitoral.

Chinaglia começou a viajar pelo país para fazer corpo a corpo com os deputados federais nesta sexta-feira (9). Os primeiros destinos foram Espírito Santo e Rio de Janeiro. “Tenho que regionalizar. Não tem saída perfeita”, disse ao G1.

Um dia após a posse de Dilma Rousseff, ele aproveitou a presença de colegas de partido em Brasília em pleno período de recesso e organizou uma reunião para articular a estratégia de campanha. O encontro reuniu quase 60 deputados que apoiam a candidatura de Chinaglia. Além de deputados petistas, compareceram parlamentares de PC do B, PROS, PR e PSD.

Na última quinta (8), após Eduardo Cunha subir o tom contra o governo e defender nas redes sociais que o PMDB assine o pedido de criação de uma nova CPI da Petrobras, o ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas, afirmou em uma entrevista coletiva que o Planalto não irá interferir na disputa interna pelo comando da Câmara.

Segundo Vargas, a eleição do Legislativo é assunto “administrativo”. “[A eleição para presidente da Câmara] é um assunto político dos partidos que compõem a Câmara. Existem três candidaturas, e o governo não interfere”, destacou o ministro.

Júlio Delgado
O líder do PSB, Júlio Delgado, espera se beneficiar da intensa disputa entre PT e PMDB. O parlamentar concorreu à presidência da Câmara em 2013, mas perdeu para o atual presidente da Câmara, Henrique Alves.

“Enquanto eles [PT e PMDB] estão se engalfinhando, eu estou trabalhando mesmo, porque quero estar no segundo turno”, disse Delgado ao G1.

Eles afirma que já conta com apoios no PSDB, no PPS e no PV. Segundo afirmou, o trabalho é de “formiguinha”. “Não tenho deixado de fazer meus encontros, mas não fico levantando lebre. Enquanto os cães ladram, as carruagens passam”, brincou.

A exemplo do candidato do PT, Júlio Delgado só iniciou as viagens pelo país para pedir votos nesta sexta-feira. Na primeira rodada de visitas, passou por Piauí, Maranhão e Pará. Nas próximas semanas, pretende circular por Amazonas, Roraima e Acre, na Região Norte, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, no Centro-Oeste, e Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, no Sul. Delgado quer encerrar a maratona de viagens pelos quatro estados da região Sudeste.

“Essa rota vai depender de voo de carreira. Não vou ficar viajando de avião fretado ou jatinho”, declarou.