Esta terça-feira, ao final da manhã, Isabel II ocupou o seu lugar na Câmara dos Lordes para a habitual cerimónia de abertura do Parlamento britânico. Com menos gente ocupando as tribunas e sem o duque de Edimburgo ao seu lado, a monarca entoou o discurso que abre oficialmente o ano de trabalhos deste órgão legislativo.

Tradicionalmente realizada no final do ano, só agora, cerca de seis meses depois, foi possível realizar a cerimónia. A rainha, sem máscara e acompanhada pelo príncipe Carlos e pela duquesa da Cornualha, subiu os degraus com a ajuda do filho. Após ordem sua, membros da Câmara dos Comuns, incluindo o primeiro-ministro Boris Johnson, entraram na sala para ouvi-la discursar, uma mensagem que começou com a promessa de recuperação da pandemia, tão apregoada por Johnson, com vista a um “Reino Unido mais forte, saudável e próspero do que antes”.

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Conduzida do Castelo de Windsor para o Palácio de Buckingham e, mais tarde, daí para o Parlamento, em Westminster (de carro e não de carruagem), a monarca dispensou as vestes reais que envergou em cerimónias passadas e optou por um visual protocolarmente conhecido como “indumentária diurna”, de bolsa e sapatos pretos.

A leveza do seu vestido floral e do longo casaco num tom pálido de lavanda, perfeitamente coordenado com um chapéu decorado com flores, contrastou com os interiores ornamentados da Câmara dos Lordes. Em torno do decote, discretamente adornado com um colar de pérolas, os bordados assemelharam-se a lírios, as mesmas flores que surgem associadas a paz, serenidade e ao luto na cultura vitoriana.

Devido ao seu peso (cerca de um quilo), a Coroa Imperial do Estado permaneceu pousada ao lado da rainha e não posta na sua cabeça como noutros tempos. Também ela foi transportada de carro do Palácio de Buckingham para o Parlamento. Depois de a ter usado pela primeira vez na sua coroação, em 1953, a monarca fez desta coroa uma peça obrigatória na cerimónia de abertura do Parlamento britânico.

Sem o marido, companheiro dos últimos 73 anos, sentou-se sozinha. O segundo trono, tradicionalmente reservado ao consorte, foi retirado por razões de segurança. Ainda assim, a presença do príncipe de Gales ao lado da rainha pode ser um sinal de que este está prestes a assumir um papel ainda mais preponderante na agenda de afazeres reais.