O sargento da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Ricardo Campos de Figueiredo, condenado por envolvimento com a Máfia dos Cigarreiros no âmbito da Operação Oiketicus, foi aposentado por incapacidade definitiva, conforme portaria da Ageprev (Agência Estadual de Previdência Social) divulgada no Diário Oficial do Estado desta terça-feira (24).

Como punição, foi reformado e irá receber proventos equivalentes ao salário que recebia enquanto policial. De acordo com o Portal da Transparência, ele recebeu em abril R$ 7.223,61 com as deduções obrigatórias. Foi considerado incapaz por parecer da junta médica da Polícia Militar.

Operação

Ricardo, que já atuou como segurança na Governadoria, foi condenado a 18 anos, 10 meses e 11 dias de pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por estar envolvido na Máfia dos Cigarreiros, quando foi preso durante a Operação Oiketicus.

A operação, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) em 2018, apurou delitos praticados por policiais militares ligados a contrabandistas. Ricardo foi apontado como líder do grupo que dava suporte à máfia. Ao todo, 29 policiais, entre praças e oficiais, foram presos.

As investigações apontaram que militares interferiam na de caminhões de cigarros para que não ocorressem apreensões de cargas e veículos, além de adotarem outras providências para o êxito do esquema. Consta na denúncia do Gaeco que os cigarreiros agiam associados desde o início de 2015, estruturalmente ordenados e com divisão de tarefas.

Celulares quebrados

Ricardo chegou a enganar o promotor para se trancar no banheiro de casa durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão e a quebrar dois aparelhos celulares, para eliminar provas. Segundo os membros do MPMS, perícia no que restou dos telefones apontou que provas que poderiam estar nos aparelhos foram destruídas, já que as placas e processadores foram totalmente danificados.

Outras condenações

O sargento também foi condenado no ano passado por desacatar uma major militar na frente de outros 21 militares. A sentença, de oito meses de reclusão no regime aberto, foi publicada no Diário da Justiça no dia 3 de agosto. Ele também foi condenado, em 2018, por obstrução da Justiça, ao tentar destruir os celulares apreendidos.

Improbidade e máfia

O militar aposentado é réu por improbidade administrativa por recebimento de propina da Máfia dos Cigarreiros. O David de Oliveira Gomes Filho, da 2º Vara de Direitos Difusos, Coletivos, Individuais e Homogêneos aceitou a denúncia oferecida pelo MPMS, que perda de bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio no valor de R$ 1 milhão e 96 mil.