Planurb quer revitalizar o Centro, mas preservar a principal via de Campo Grande, que pode ser tombada como patrimônio cultural e histórico

A Prefeitura de Campo Grande estuda mudar o projeto inicial do PAC Mobilidade para preservar os canteiros da Avenida Afonso Pena, que podem ser tombados como patrimônio histórico cultural da Capital. A proposta, que ainda será discutida com a sociedade, é retirar o transporte coletivo e não implantar corredor de ônibus, que poderia reduzir os canteiros em até 1,5 metros.

O projeto de mobilidade urbana, com recursos do PAC Mobilidade, deve mudar a revitalização do centro de Campo Grande e enfrentará um impasse em relação ao trânsito na avenida Afonso Pena. ‘Abarrotado’, ‘desordenado’ e ‘caótico’deixarão de ser adjetivos regularmente usados para definir a via nos horários de pico.

Com projeto inicial de diminuição do canteiro central para implantação de um corredor exclusivo de ônibus, agora o tema será discutido com a população. A ideia do diretor-presidente da Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano) Valter Cortez, é mostrar alternativas antes de implantar.

“Vamos convocar os usuários do transporte coletivo, ambientalistas, trabalhadores para discutir alternativas para o trânsito, já que a preservação de árvores centenárias inviabiliza o corredor de transporte”.

As soluções seriam ou contornar o centro com vias exclusivas de ônibus ou otimizar o espaço da Afonso Pena utilizando os recursos da reordenação semafórica, que prevê o uso de semáforos inteligentes. O projeto, da diretora-presidente da Agetran, Kátia Castilho, é avaliado em R$ 12 milhões.

Corredores de transporte já conhecidos como o da avenida Bandeirantes, Coronel Antonino, Júlio de Castilho e Gury Marques devem passar apenas por adequações. Entre discussões e implantação, Campo Grande deve ter um novo sistema para otimizar o transporte coletivo entre 18 e 36 meses.

Com isso, o projeto a ser montado quer encontrar uma solução a longo prazo: uma malha viária urbana que comporte a cidade até meados de 2040 e fomente a reflexão sobre a mobilidade. “A sustentabilidade nos faz ter que pensar em um transporte coletivo que seja eficiente, para que o usuário use cada vez menos o transporte individual”.

Cortez também defende o uso consciente do transporte. “Não queremos que as pessoas deixem seus carros e usem o ônibus, mas que entendam que é possível fazer isso com conforto e horários para sair de casa e chegar ao trabalho. A prioridade, no entanto, deve ser o transporte coletivo, assegurando sempre o uso dos veículos particulares”.

O processo de tombamento dos canteiros centrais e árvores centenárias da avenida Afonso Pena foi aberto em abril de 2009, por solicitação do Ministério Público Estadual e após laudo elaborado por uma comissão de técnicos da Prefeitura e parecer do Planurb. O processo é analisado pelo Conselho Municipal de Cultura.
 
Porém, de acordo com a assessoria da prefeitura, falta o relator do Conselho elaborar um parecer sobre o processo de tombamento. Após apresentação desse parecer, os conselheiros terão um prazo para decisão sobre a aprovação e só assim o projeto será encaminhado ao prefeito para decisão final.