As vendas de veículos automotores encerraram o primeiro semestre registrando uma pequena queda de 3% na comparação com o mesmo período do ano passado. É o que diz os números apresentados por José Maurício Andreta Junior, presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). O lado bom da análise semestral veio do segmento de motocicletas, cujo crescimento foi de 23% no período de janeiro a junho, comparando-se os dados com o primeiro semestre do ano passado.

De acordo com os dados da Fenabrave, que valem para todo o Brasil, com um dia útil a menos, os emplacamentos de veículos, em junho (21 dias), registraram retração de 6,6%, na comparação com maio deste ano (22 dias úteis), mas ficaram 2,1% acima do mês de junho de 2021. “Considerando que a diferença de um dia útil representa, em média, 5% nas vendas mensais, podemos considerar que o mercado, em junho, ficou estável”, analisou Andreta Jr.

Os segmentos comerciais de veículos leves têm tido evolução gradativa, apesar de ainda sofrer com problemas de abastecimento de componentes, em geral, e pela piora nos indicadores econômicos, como a alta nas taxas de juros, o aumento do custo do crédito e os constantes reajustes nos preços dos combustíveis. A média diária mensal das vendas saltou de 5.550 unidades, em janeiro deste ano, para 8.270, em junho. “Havendo retomada na produção, e a possível recomposição das frotas de empresas, por meio das vendas diretas, podemos ter o resultado previsto pela no início desse ano, que apontava aumento de mais de 4% para esse segmento”, destaca Andreta Jr.

Ainda do segmento de automóveis e comerciais leves – agora na versão eletrificada – a Fenabrave informou que a partir deste mês este segmento passará a fazer parte das estatísticas da Fenabrave.  Isso porque, em junho, foram comercializados 4.073 automóveis e comerciais leves eletrificados, sejam eles híbridos ou puramente elétricos). No ano, os emplacamentos desses veículos acumulam 20.468 unidades.

Nos caminhões, apesar de ainda enfrentar a falta de peças para alguns modelos, o segmento já começa a operar de forma equilibrada, entre oferta e demanda. Segundo Andreta Jr, no início do ano havia muitas entregas represadas, com espera que chegava a 180 dias. “Este problema foi contornado e o segmento conseguiu se estabilizar”, analisou Andreta Jr.

Nos ônibus, o segmento segue com dificuldades para recuperar a demanda, com volume próximo ao registrado no mesmo período de 2021 e aquém do que se comercializava antes da Covid-19. “O volume de emplacamentos ainda não voltou aos patamares pré-pandemia”, explica Andreta Jr, lembrando que, em 2019, a média mensal de emplacamentos de ônibus foi superior a 2,2 mil unidades.

Quanto ao quesito implementos rodoviários, houve no semestre. A Feanbrave informou, ainda, que o segmento segue com dificuldades para manter o nível de emplacamentos de 2021, quando teve seu pico histórico. “Apesar de, normalmente, apresentar um desempenho similar ao de caminhões, neste ano, os implementos rodoviários têm registrado uma demanda menor. Mas não podemos esquecer que, em 2021, o segmento registrou o maior volume de sua história e certa estabilidade poderia ocorrer este ano”, pondera Andreta Jr, presidente da Fenabrave.

As motocicletas representaram o segmento com melhor resultado no ano, sendo beneficiadas por uma série de fatores de consumo e conjunturais. “Mesmo com a dificuldade de crédito que o segmento ainda enfrenta, é, de longe, o que registra o melhor resultado nos emplacamentos em 2022, até o momento. O efeito de substituição, do carro pela moto, em função dos preços dos combustíveis, da queda na renda pela inflação e a priorização do transporte individual, além do aumento dos serviços de entrega, são alguns dos fatores que têm alavancado este segmento”, detalha Andreta Jr.

O presidente da Fenabrave ressaltou que a partir deste mês haverá informações detalhadas no segmento motocicletas eletrificadas. Em junho, foram emplacadas 534 unidades. No ano, motos elétricas já acumulam 3.595 unidades comercializadas. “A grande diferença, de um ano para outro, deve-se à base muito baixa de 2021, mas o crescimento percentual expressivo é uma prova do interesse do consumidor pela nova tecnologia e indica uma tendência trazida pelos preços dos combustíveis”, diz Andreta Jr.

Nos tratores e máquinas agrícolas, por não serem emplacados, há uma defasagem de um mês porque os dados dependem de levantamento junto aos fabricantes. Apesar da baixa nas vendas, registrada em maio, o segmento continua com resultados positivos no ano e deve ser beneficiado com o recente aumento do crédito disponibilizado para o setor. “O Plano 2022-2023 trouxe um aumento de 36% no volume de crédito em relação ao ano anterior e isso deve influenciar, positivamente, os números do segmento”, avalia Andreta Jr.