A inflação do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo para os primeiros 15 dias do mês de junho), calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi de0,69%, 0,10 ponto percentual acima da taxa de maio, que foi de 0,59%. Já o IPCA-E, que é o IPCA-15 acumulado trimestralmente, foi 3,04% e ficou acima da taxa de 1,88% para igual período de 2021. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 5,65% e, em 12 meses, de 12,04%, abaixo dos 12,20% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em junho de 2021, a taxa foi de 0,83%.

Segundo o IBGE, todos os grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em junho. O maior impacto – no caso, de 0,19 ponto percentual – veio dos Transportes (0,84%), que desaceleraram em relação a maio (1,8%). A maior variação veio de Vestuário (1,77% e 0,08 ponto percentual), seguido por Saúde e cuidados pessoais (1,27%), que contribuiu com 0,16 ponto percentual no índice do mês. O grupo Habitação, que havia registrado queda no mês anterior (-3,85%), subiu 0,66% em junho. Os demais grupos ficaram entre o 0,07% de Educação e o 0,94% de Artigos de residência.

Para o IBGE, a desaceleração do grupo Transportes (0,84% e 0,19 ponto percentual) se deu pela queda nos preços dos combustíveis (-0,55%), que haviam subido 2,05% em maio. Embora o óleo tenha subido 2,83%, o etanol e a gasolina caíram 4,41% e 0,27%, respectivamente. No lado das altas, destacam-se as passagens aéreas (11,36%), o seguro voluntário de veículo (4,20%) e o emplacamento e licença (1,71%). As motocicletas (1,66%), os automóveis novos (1,46%) e os automóveis usados (0,12%) também subiram.

Inflação do IPCA-15 é turbinada pelos planos de saúde

O resultado do grupo Saúde e cuidados pessoais (1,27%) foi influenciado pela alta nos preços dos planos de saúde (2,99% e 0,10 ponto percentual), decorrente do reajuste de até 15,5% autorizado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar)em 26 de maio, com vigência a partir de maio de 2022 e cujo ciclo se encerra em abril de 2023. Desse modo, no IPCA-15 de junho foram apropriadas as frações mensais relativas aos meses de maio e junho. Além disso, houve alta de 1,38% nos produtos farmacêuticos, com impacto de 0,05 ponto percentual no índice do mês.

A alta no grupo Habitação (0,66%) foi puxada pela taxa de água e esgoto (4,29%). Ainda em Habitação, destaca-se a queda nos preços da energia elétrica (-0,68%). A partir de 16 de abril, passou a valer a bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz. Desde setembro de 2021, estava em vigor a bandeira Escassez Hídrica, com acréscimo de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos.

O Vestuário (1,77%) foi o grupo que apresentou a maior variação no IPCA-15 de junho. Os principais destaques foram as roupas femininas (2,52%), masculinas (1,97%) e infantis (1,51%), além dos calçados e acessórios (1,19%). Juntos, esses itens contribuíram com 0,08 ponto percentual no índice do mês.

O IBGE frisou, ainda, a variação do grupo Alimentação e bebidas (0,25%), que havia subido 1,52% em maio. A maior influência para essa desaceleração veio dos alimentos para consumo no domicílio (0,08% em junho contra 1,71% em maio). O leite longa vida, que havia subido 7,99% em maio, registrou 3,45% de alta em junho. Além disso, houve quedas nos preços da cenoura (-27,52%), do tomate (-12,76%), da batata-inglesa (-8,75%), das hortaliças e verduras (-5,44%) e das frutas (-2,61%).

A alimentação fora do domicílio também registrou alta menos intensa na passagem de maio (1,02%) para junho (0,74%). Isso ocorreu principalmente por conta do lanche, que registrou alta de 1,10%, frente à variação de 1,89% no mês anterior. A refeição (0,70%), por sua vez, apresentou resultado acima do registrado em maio (0,52%).

Os alimentos, principalmente as hortaliças, registraram queda de preços. Foto: Leonardo de França